Nem comunistas nem bloquistas fizeram, no período de intervenções de fundo no debate da moção de censura do CDS, qualquer elogio direto e explícito às medidas de sábado e hoje repetidas pelo primeiro-ministro, António Costa.

“A tragédia dos incêndios florestais é o resultado de problemas acumulados na floresta portuguesa por décadas de política de direita”, acusou o líder parlamentar comunista, João Oliveira, que pôs o PS ao lado do PSD e do CDS nessas políticas.

“Esta moção de censura só comprova o que já sabíamos de quatro anos de experiência: na floresta e nos serviços públicos, as políticas da direita são apenas parte dos problemas”, disse o deputado Jorge Costa, do BE.

O que falhou, disse João Oliveira, “não foi o Estado, foi a política de direita e os seus executores”, deixando “as populações desprotegidas e entregues á sua própria sorte”.

Já o bloquista Jorge Costa discorda e admitiu que “o Estado falhou”, mas também criticou CDS e PSD, que estiveram no Governo entre 2011 e 2015.

“Como podem hoje insurgir-se contra as falhas do Estado aqueles que sempre exigiram Estado mínimo, aqueles que se especializaram a cortar em supostas ‘gorduras’ que, afinal, eram mesmo o músculo das políticas públicas, da prevenção e do combate ao fogo?”, questionou Jorge Costa.

Os dois partidos também estão de acordo na crítica ao executivo do PS, que têm apoiado nos últimos dois anos, na Assembleia da República.

João Oliveira criticou os socialistas por “não inverterem opções anteriores de desinvestimento no ordenamento da floresta e nos meios de combate aos incêndios”.

Já Jorge Costa avisou que o BE, tal como o PCP, continuará a defender as suas opções na defesa das florestas e que nem sempre concordará com o executivo.

“Nem sempre coincidiremos com o Governo nestas opções, mas voltaremos a lutar, tirando todas as lições deste ano horrível”, afirmou o deputado bloquista.