Em comunicado, a IP explica que a intervenção que decorre hoje e na terça-feira em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM), no distrito de Portalegre, tem como objetivo “assegurar as condições de segurança de pessoas e bens”.

“Nos exemplares em causa foram identificadas patologias que impossibilitam a sua recuperação e apresentam um elevado risco de queda, colocando em causa a segurança dos utilizadores da EN246-1”, lê-se no documento.

A IP acrescenta que a intervenção “foi autorizada e é do conhecimento” do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e da Câmara de Marvão.

Contactado pela Lusa, o presidente do município de Marvão, Luís Vitorino, mostra-se contra a medida, sustentando que a autarquia “fez pressão” para que a operação não fosse desenvolvida.

“Foi o mínimo que conseguimos fazer, pois queriam cortar neste período 40 árvores”, disse.

“Nós o que queremos é que o ‘túnel das árvores’ seja sustentável, que haja intervenções programadas, que haja replantação de árvores. Nós o que pedimos foi que fizessem, na altura das podas, uma redução da copa, cortassem os ramos secos”, acrescentou.

Em agosto foi divulgado um estudo encomendado pela Câmara de Marvão que defendia o abate de 40 freixos naquela área.

O estudo revelava ainda que 75% dos 235 freixos, classificados como árvores de interesse público pela sua dimensão e conjunto, tinham as raízes “afetadas”.

“Há, neste momento, cerca de 40 árvores que nós entendemos que será de muito bom senso o seu rápido abate e eventual substituição por outras árvores”, alertou na altura à Lusa Serafim Riem, responsável pela empresa Planeta das Árvores, especializada em arboricultura urbana e que elaborou o estudo para o município.

O autor do estudo de avaliação do estado biomecânico e fitossanitário dos 235 freixos de grande porte qualificou ainda como “perfeitamente ajustada” a intenção da IP de abater algumas das árvores, em fevereiro deste ano.

“As pessoas reagiram muito mal ao abate de cinco árvores, mas a IP só estava a fazer aquilo que lhe compete”, disse.

Na altura em que o estudo foi apresentado, recordou Luís Vitorino, o município “opôs-se” ao conteúdo apresentado no documento, defendendo que o mesmo não pode ser seguido “à risca”.

Em fevereiro, a Infraestruturas de Portugal esclareceu ter suspendido a operação de abate das árvores no próprio dia em que começou, por indicação da tutela.

Tratava-se de uma operação programada por as árvores “constituírem um perigo iminente” para a segurança dos automobilistas, disse a empresa na altura, justificando que os freixos se encontravam “decrépitos, em mau estado de conservação e sem qualquer possibilidade de recuperação”.

A IP referiu ainda, em comunicado, que o PNSSM tinha autorizado o abate dos freixos e a realização de uma poda de manutenção e limpeza nas restantes árvores da EN 246-1.

Na altura, o deputado socialista Luís Moreira Testa disse ter "conseguido impedir" junto da tutela o que considerou ser "um atentado”.