“É hoje claro ser indispensável alargar o âmbito da investigação para melhor compreender o quadro deste surto”, refere a Veolia em comunicado, sublinhando que apenas opera “a central de trigeração” e que há outros pontos, dentro e fora do perímetro do hospital, que deveriam ser investigados.

Para compreender a totalidade do quadro deste surto, que infetou 56 pessoas, das quais cinco morreram, a empresa defende que é preciso “proceder a investigações complementares para além das instalações operadas pela Veolia Portugal”.

“Parece-nos, pois, indispensável testar todos os sistemas de água: os depósitos de água, sistemas de água quente e fria, circuitos de climatização e a ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais]”, defende.

“Será ainda necessário testar eventuais fatores externos nas proximidades do Hospital. Acreditamos que todos estes elementos foram já testados e fazem parte do trabalho de investigação da DGS, cujas conclusões ainda não nos foram comunicadas”, acrescenta.

No comunicado, a Veolia aponta, além do sistema de trigeração de cuja manutenção é responsável, outros sete pontos, entre eles uma fonte urbana fora do perímetro do hospital e o circuito de difusão de ar, a estação de tratamento de ar e o sistema de água quente sanitária da unidade hospitalar.

Na investigação que fez, a Veolia diz que não foi encontrada "qualquer ação ou omissão significativa suscetível de explicar a amplitude deste surto", que o plano de prevenção do risco de ‘legionella’ implementado “está em conformidade com as regras vigentes em Portugal e com as referências internacionais” e que “não houve qualquer indicador nem elemento que justificasse a alteração deste plano de prevenção”.

As conclusões da investigação solicitada pela Veolia a uma equipa interna de peritos internacionais, segundo a empresa, permitem afirmar que “não houve qualquer negligência" nas atividades por ela desenvolvidas.

“Estamos totalmente disponíveis para prestar os esclarecimentos necessários sobre as nossas conclusões e trabalhar em conjunto no sentido de apurar o complexo quadro deste surto excecional”, acrescenta a empresa, que reitera a solidariedade para com todas as pessoas afetadas pelo surto e suas famílias.

No passado dia 16 de novembro, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, veio esclarecer que a fonte do surto da bactéria 'legionella' no hospital São Francisco Xavier foi pelo menos uma das torres de arrefecimento da unidade hospitalar.

Em declarações à agência Lusa, Graça Freitas explicou que o Instituto Nacional de Saúde (INSA) conseguiu apurar que as bactérias nas secreções dos doentes são da mesma estirpe que as encontradas na água de pelo menos uma das torres de arrefecimento.

Segundo a última atualização feita na quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde, dois doentes infetados com a Doença dos Legionários, provocada pela ‘legionella’ continuavam internados nos cuidados intensivos e 14 na enfermaria.

A Doença dos Legionários, é uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia.

A infeção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.