A mobilização, como a resposta policial, foi, no seu conjunto, claramente inferior à das manifestações da primavera que reuniram dezenas de milhares de pessoas, sobretudo jovens.

Mas, a cinco meses das eleições presidenciais, os protestos constituem um desafio direto a Putin — que deverá candidatar-se a um quarto mandato na próxima primavera -, no dia do seu aniversário, habitualmente assinalado por numerosos festejos de louvor.

Navalny apelou na passada segunda-feira aos seus apoiantes para saírem à rua, depois de ter sido condenado a 20 dias de prisão por convocar manifestações não autorizadas, naquele que é o seu terceiro encarceramento este ano.

Houve concentrações em 80 cidades russas, do Extremo Oriente ao Báltico, incluindo em Moscovo, mas o mais importante cortejo realizou-se em São Petersburgo (noroeste), segunda cidade do país, onde 3.000 pessoas desfilaram pelo centro da cidade, gritando “Liberdade para Navalny!”, antes de se iniciarem as detenções, segundo a agência de notícias francesa AFP, no local.

Pelas 18:00 TMG (19:00 em Lisboa), o número de detenções atingiu 62 em São Petersburgo, elevando o total na Rússia para 271, segundo a ONG especializada OVD-Info.

Testemunhas inquiridas pela AFP relataram detenções com recurso à força e pessoas ensanguentadas.

Por seu turno, a polícia de São Petersburgo deu conta de 38 pessoas detidas — “por entraves à circulação de viaturas”, precisando que tinham sido todas libertadas.

Segundo a polícia, a manifestação de São Petersburgo juntou “cerca de 1.800 pessoas”.

Cerca de 50 manifestantes encontravam-se ainda, pelas 19:00 TMG (20:00 de Lisboa), perto da praça da Insurreição, em pleno centro da cidade, mas os polícias, destacados em grande número, já se tinham retirado.

A ONG Amnistia Internacional condenou a detenção de “manifestantes pacíficos na Rússia”, instando as autoridades a “libertarem-nas imediatamente” e a “começarem imediatamente a proteger os direitos desses manifestantes”.

O opositor ‘número um’ do Kremlin, Alexeï Navalny, de 41 anos, tem poucas hipóteses de poder candidatar-se contra Vladimir Putin, no poder desde 1999.

A Comissão Eleitoral Central advertiu em junho que uma anterior condenação da justiça por desvio de fundos o impedia de concorrer.

Conhecido pelas suas investigações sobre a corrupção das elites russas, Navalny multiplicou, apesar de tudo, nas últimas semanas as ações de campanha em muitas cidades russas e tencionava, antes da sua detenção, encontrar-se com os seus eleitores hoje em São Petersburgo.

Em Moscovo, um milhar de pessoas concentrou-se durante a tarde no centro da cidade, debaixo de aguaceiros.

Fortes medidas de segurança foram tomadas, mas as forças antimotim praticamente não perturbaram a marcha dos manifestantes, em contraste com o anterior protesto, em junho, marcado por cargas policiais e um milhar de detenções na capital.

Por seu lado, Vladimir Putin, que se encontra na estância balnear de Sotchi, no sul do país, presidiu a uma reunião do conselho de segurança russo, a meio do dia, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O jornal da estação pública de informação Rossia-24 manteve hoje silêncio sobre as manifestações da oposição, mas dedicou um longo segmento aos votos de felicitações enviados por dirigentes estrangeiros e criadores estrangeiros inspirados pelo Presidente russo.

“Vladimir Putin transmitiu à sociedade o sentimento do amor e do respeito pela pátria”, escreveu Ramzan Kadyrov, o dirigente da Tchetchénia, república do Cáucaso russo, numa mensagem na rede social Instagram, acrescentando que a Rússia será “sempre um império muito poderoso”.

O governador da região de Tambov (a cerca de 400 quilómetros a sudeste de Moscovo), Alexandr Nikitine, plantou, com responsáveis locais, 65 macieiras, como “símbolo da unidade com Vladimir Putin”.

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