Josef Estaline, líder da União Soviética entre os finais dos anos 1920 e até à sua morte, em 1953, é uma personagem que colhe ódios e paixões. O seu funeral, no fim do inverno de 1953, era até aos dias de hoje apenas conhecido pelas lentes da União Soviética. Mas agora, imagens captadas pela força do outro lado da "cortina de ferro" foram reveladas.

Martin Manhoff, major do exército norte-americano, estava na embaixada dos Estados Unidos (EUA) há pouco mais de um ano quando Estaline morreu por causa de um enfarte. Durante os dois anos que o americano esteve do outro lado da “cortina de ferro”, viajou e recolheu o máximo que pode da vida soviética em slides e em fita de 16mm.

O material recolhido por Manhoff entre fevereiro de 1952 e junho de 1954, quando foi expulso da União Soviética por suspeitas de espionagem, acabou, conta, Douglas Smith, o curador do espólio, num armário na casa que o major tinha em Washington (EUA).

“Depois da morte da sua mulher, pediram-me que visitasse a casa de Manhoff no verão passado e ver se o Martin tinha deixado para trás alguma coisa valiosa. Fiquei maravilhado com aquilo que descobri. Nos últimos meses, tenho estado a digitalizar e a organizar as fotografias e filmes”, escreveu Douglas Smith na sua página do Facebook em janeiro.

“Entre as pérolas estão aproximadamente 15 minutos de imagens a cores do funeral de Estaline, captadas de uma janela alta da velha embaixada americana no Hotel National”, revela também Smith.

Manhoff captou as imagens enquanto funcionário do governo americano, sendo quase certo, como revela o artigo publicado na Radio Free Europe/Radio Liberty, que as gravações foram usadas pelos serviços secretos dos EUA em busca de pistas para quem sucederia a Estaline.

A primeira parte do trabalho sobre a cobertura de Manhoff do funeral de Estaline já está disponível no site da RFE/RL, uma organização financiada pelo congresso dos Estados Unidos e com sede na República Checa.

Veem-se centenas de soldados, serpenteando as ruas, fazendo um caminho por onde passa a urna de Estaline, coberta de vermelho. Lentamente, o cortejo avança, seguido por centenas de pessoas, por entre os homens, debaixo de pesados casacos, que geometricamente alinhados ladeiam o percurso.

Por vezes, as estrelas e as riscas da bandeira americana invadem a imagem, empurradas pelo vento. Dignitários levam flores. E apesar do silêncio das imagens, é possível sentir o tom, por vezes sombrio, outras surreal da gravação, que é uma viagem ao passado ali congelado.

A novidade destas imagens está no facto de, até agora, todos os filmes que se conheciam do funeral de Estaline tiveram origem em material da própria União Soviética. O vídeo de Manhoff é uma perspetiva do mesmo acontecimento, mas pela objetiva do "inimigo".

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