Passava das 14:00 quando Marcelo chegou ao colorido do Bairro do Condado, pintado em tons de azul e laranja, para visitar o centro que apoia os mais desfavorecidos e será confrontado com cortes nos apoios estatais para as 100 refeições que são servidas diariamente na cantina.

“Almoçar? Almoço, almoço…”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa quando, já na cantina, lhe perguntaram se queria comer sopa, carne assada, batatas fritas, salada e pudim, com água a acompanhar, sentando-se ao lado de duas jovens e dos dirigentes do centro.

“Quanto é?”, perguntou. Eram três euros, que não tinha, mas pediu a um assessor que lhe fosse buscar a carteira, recusando a “borla” de dirigentes da instituição de solidariedade social.

Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou, deu beijos, apertos de mão, fez “selfies” com quem pediu e até perguntou a uma jovem se não queria tirar uma fotografia com ele.

No livro de honra, deu os parabéns pelo trabalho feito “em nome de Portugal” e, aos jornalistas, historiou o problema dos cortes nas comparticipações das 100 refeições na cantina.

Paulo Nunes, do centro social, disse à Lusa que, até final do ano, haverá menos pessoas a usufruir das refeições na cantina – passará das atuais 100 para 67 em dezembro – a que se juntam mais 40 refeições que são fornecidas a famílias do bairro.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que estes cortes decorrem de uma decisão ao nível da Comissão Europeia e que têm a oposição do Governo, que “diz que não é o ideal”, da Caritas, dos Bancos Alimentares e das instituições.

É um apoio dado para refeições que, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, deverá ser parcialmente substituído pela distribuição de um “cabaz dado periodicamente a família para gerir com produtos que são definidos de uma forma muito tecnocrática”.

“É um sistema tão complicado que não está a ser aplicado na sua plenitude”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, antecipando que haverá instituições de solidariedade como a de Marvila que vão, nos próximos meses, viver com “cortes, cortes” e com “dificuldades em cumprir as suas funções”.

O Presidente da República deixou críticas à União Europeia por esta alteração feita “a pensar numa família tipo, de um país ideal, em cidades ideais que em muitos casos nada tem a ver com as pessoas de carne e osso”.

Já passava das 15:00 quando o Presidente da República terminou a visita, não sem antes aceitar um improvisado convite de funcionárias e utentes de uma associação vizinha do centro social da ACRAS.

“É perto? Vão ser só cinco minutos? Então está bem”, disse Rebelo de Sousa à mulher que o convidou. Seguiram-se aplausos e, no fim, Marcelo lá seguiu com um cortejo de associados.