"Pode acontecer que se vá dando passos entre os dois países, antes de se dar passos com outros países", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas, no aeroporto da cidade da Praia, onde aterrou hoje à noite, para uma visita de Estado a Cabo Verde que começa no domingo.

Tendo ao seu lado o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e mais atrás o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o chefe de Estado português disse que "tem havido trabalho dos dois governos e, portanto, dos dois países para se poder avançar" nessa matéria.

"E há um documento de trabalho bastante pormenorizado envolvendo Cabo Verde e Portugal", adiantou.

Questionado se há margem para Portugal e Cabo Verde avançarem para uma solução bilateral em matéria de livre circulação de cidadãos, o Presidente da República respondeu: "Está-se a trabalhar nisso".

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que um dos pontos da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) realizada em Brasília no final do ano passado foi precisamente "essa convergência quanto à mobilidade dos cidadãos no seio da CPLP".

O Presidente português ressalvou que esse "é um tema para ser debatido com todos os membros" da CPLP, mas considerou que o debate entre todos "demora tempo, e é mais complexo".

Interrogado sobre a questão da dívida de Cabo Verde a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa declarou que "está a fazer-se tudo para ir encontrando soluções que permitam avançar para o futuro e ir resolvendo esse saldo do passado".

O chefe de Estado português referiu que "isso foi tratado na cimeira governamental, e estão a ser dados passos cuidadosos de parte a parte".

"Cabo Verde está a fazer um esforço, no quadro do que ficou ajustado, para ir ao encontro de algumas preocupações portuguesas, numa parte do compromisso financeiro. Portugal, naturalmente, nesse programa a médio prazo, avança com um pacote interessante, mas sobretudo em relação ao passado", expôs, sem entrar em detalhes.