“Entre hoje de madrugada e hoje de manhã estive a analisar as medidas do Conselho de Ministros. Quero sublinhar a forma rápida e tão abrangente como o Conselho de Ministros quis tratar de tudo e de tantos dossiês em tanto pouco espaço de tempo”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, naquele município do distrito de Coimbra também afetado pelos incêndios do dia 15.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “isto é o início de um processo”.

“Não é o fim de um processo. Sabemos que é um processo demorado, mas que seja o menos demorado possível e que chegue rápido às pessoas”, sublinhou.

O Presidente da República reafirmou ainda a necessidade de uma convergência nacional sobre a temática: “Sem essa convergência não vamos lá”.

Marcelo assinalou vários “pontos positivos” nas decisões do Conselho de Ministros, nomeadamente aquilo que diz respeito às comunicações da Proteção Civil.

“A ideia de o Estado ter uma participação no SIRESP parece uma ideia fundamental”, acrescentou.

O chefe de Estado considerou ainda importante que a Força Aérea assuma a “responsabilidade cimeira” na gestão dos meios aéreos e aplaudiu o reforço da vigilância e o aumento de equipas de sapadores florestais.

No seu entender, é igualmente positivo que a Proteção Civil tenha um quadro de profissionais próprios, com carreira própria, com dirigentes designados por concurso.

O Presidente também colocou nos aspetos positivos a unidade de missão para a reforma dos sistemas de prevenção e combate.

“Mostra a experiência que um comando com liderança clara é essencial”, sublinhou.

A reforma da Proteção Civil, que pretende aproximar a prevenção do combate aos incêndios e reforçar o profissionalismo, deverá passar pela entrada do Estado na rede SIRESP e por vários apoios dirigidos às populações e às zonas mais afetadas.

Estas medidas foram anunciadas no sábado pelo Governo, que se sentou à mesa para discutir, durante 11 horas, a reforma nos sistemas de prevenção e combate aos incêndios e adotar medidas de emergência de apoio às vítimas, depois dos incêndios de Pedrógão Grande (junho) e de várias zonas das regiões Centro e Norte (15 e 16 de outubro).

Os fogos provocaram a morte a mais de 100 pessoas e deixaram um rasto de destruição de casas, empresas e património florestal.

A reunião extraordinária do Conselho de Ministros realizou-se no sábado na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, mas tinha sido anunciada por António Costa a 12 de outubro, depois de a comissão técnica independente nomeada pela Assembleia da República ter concluído o seu relatório sobre os incêndios de Pedrógão Grande (distrito de Leiria) e Góis (distrito de Coimbra) em junho passado, que deixou 64 mortos.

Além deste balanço oficial, foi registada a morte de uma mulher que foi atropelada ao fugir das chamas.