Com o memorial, o município pretende contribuir para a "valorização da memória da luta antifascista associada à Fortaleza de Peniche" (distrito de Leiria), enquanto funcionou como prisão política, entre 1934 e 1974, durante a vigência do regime fascista do Estado Novo, e homenagear os que "lutaram pelos ideais da liberdade e da democracia", refere em nota de imprensa.

A instalação do memorial era um anseio da Câmara Municipal de Peniche e da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) desde há vários anos.

A escultura é de autoria do arquiteto José Aurélio.

Em 2013, uma investigação da URAP, desenvolvida a pensar no memorial, concluiu que a cadeia política do Forte de Peniche acolheu ao todo cerca de 2.500 presos ao longo de 40 anos.

Olga Macedo, investigadora da URAP e responsável pelo estudo, disse na altura à agência Lusa que, durante um ano, pesquisou no Registo Geral de Presos da PIDE, depositado na Torre do Tombo, em Lisboa, onde consultou 30 mil biografias e fez o levantamento de todos os presos que passaram por Peniche.

A investigadora adiantou que na década de 1930 do século passado, correspondentes aos primeiros anos da cadeia política, os presos eram na sua maioria "pessoas do povo, desde serralheiros, mecânicos, pedreiros, sem instrução".

Mas, a partir de 1940, "começaram a aparecer estudantes, militares e pessoas com formação superior, como advogados e médicos", o que a leva a concluir que, nessa fase, uma classe mais instruída começou a lutar "de forma organizada" contra a ditadura a favor da liberdade, passando a ser alvos da antiga polícia política.

Além disso, "muitos presos preocuparam-se com a sua educação e se, na primeira vez em que foram presos eram analfabetos, à quarta ou quinta vez já entravam com um curso superior".

A investigação permitiu também concluir que, durante 40 anos, foram concretizadas seis fugas, entre as quais a de 1954, protagonizada por Dias Lourenço, e a de 1960, com Álvaro Cunhal e mais nove companheiros.

As seis fugas envolveram militantes do PCP, que eram "controlados" pela PIDE.

Para Olga Macedo, houve muito mais tentativas que só não foram concretizadas devido às regras de segurança máxima e à grande mobilidade de presos entre as cadeias de Peniche e Caxias, tendo em conta os registos das entradas e saídas.