“Não podemos simplesmente continuar como antes, os tempos mudaram e esta nova época apela a uma nova política”, declarou no final do primeiro dia de discussões em Berlim um responsável do Partido social-democrata (SPD), Lars Klingbeil.

Os contactos entre os conservadores de Merkel (CDU), os seus aliados bávaros da CSU e o SPD para a eventual formação de um governo de coligação devem prolongar-se até quinta-feira, após as três formações terem manifestado compromisso por “um novo estilo político” no país, e após a emergência da extrema-direita nas eleições de setembro.

O resultado das últimas eleições legislativas, assinaladas por um recuo dos partidos tradicionais, não permitiu a formação de uma maioria clara no Bundestag (parlamento).

Após uma vitória pouco convincente, a chanceler Angela Merkel, no poder há 12 anos, e a sua área democrata-cristã tentaram de início uma aliança com os liberais e os ecologistas, mas sem sucesso.

Na presente situação, Merkel apenas tem a possibilidade de garantir uma coligação maioritária com os sociais-democratas do SPD, com quem já governou no anterior executivo (2013-2017), e que continua a gerir os assuntos correntes do país.

As negociações preveem-se particularmente difíceis, em particular devido às divergências sobre a política migratória ou a Europa entre a CSU, mais à direita que a CDU de Merkel, e o SPD.

A CSU está envolvida numa campanha eleitoral para o decisivo escrutínio regional de outubro no seu bastião bávaro, onde a sua tradicional maioria absoluta está em risco devido ao crescimento eleitoral do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Deste modo, os dirigentes conservadores bávaros têm multiplicado as exigências para endurecer a política de acolhimentos os requerentes de asilo. Pelo contrário, o SPD defende uma abordagem mais moderada na perspetiva do reagrupamento familiar.