“Há muitas pessoas sem casa”, sublinhou hoje à agência Lusa o presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, referindo que algumas famílias foram alojadas em habitações de familiares, outras em casas do município e outras em instituições de solidariedade e mesmo em quartos de estabelecimentos hoteleiros, alugados, para o efeito, pela autarquia.

O levantamento rigorosa das casas que correspondem a primeiras e a segundas habitações ainda não está concluído.

“Só neste incêndio” de domingo e segunda-feira “arderam cerca de 20 mil hectares” de floresta e terras, o que significa que este ano, nos três grandes incêndios que lavraram no concelho, Pampilhosa da Serra, concelho cuja área é de cerca de 40 mil hectares, “perdeu [o total] de 32 mil hectares”, destacou.

Elevados são igualmente os prejuízos provocados nas empresas, designadamente do setor do turismo que, para além dos “sérios problemas” provocados diretamente pelas chamas, se confrontam também com “graves dificuldades de sustentabilidade”, salienta o autarca.

É preciso, defende o presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, que “o Governo tome medidas efetivas de apoio” aos empresários da região, que “têm valido a este território”.

“São necessárias medidas corajosas”, insiste José Brito, adiantando que “o Governo já se reuniu” com autarcas dos concelhos atingidos na região e que acredita que as vai adotar, para “minimizar os efeitos” das chamas.

“Mais de 20 povoações” mantêm-se sem energia elétrica, algumas outras permanecem sem abastecimento de água e a generalidade do concelho de Pampilhosa da Serra continua a enfrentar “problemas gravíssimos de comunicações”, acrescenta.

Para permitir que a Câmara Municipal contacte com o exterior, foi instalado em Pampilhosa da Serra um telefone por satélite, referiu José Brito.

“A estação de transferência de lixos ardeu”, como arderam o relvado sintético do campo de futebol da vila e instalações desportivas, exemplifica o autarca, em cujo município os fogos provocaram ainda três feridos e “eventualmente uma vítima mortal, ainda não confirmada”.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil inclui, no entanto, uma morte em Pampilhosa da Serra na contabilização de vítimas mortais dos incêndios que deflagraram no domingo em várias zonas do país (pelo menos 42, segundo dados divulgados hoje ao final do dia).

O registo de uma morte em Pampilhosa foi anunciado na terça-feira, indicando a Proteção Civil tratar-se de uma pessoa que estava desaparecida e que foi encontrada queimada em casa.

A prioridade da autarquia agora é “resolver os problemas das pessoas”, sintetiza o presidente do município, reeleito com maioria absoluta nas eleições autárquicas de 01 de outubro, também preocupado, por outro lado, em arranjar, por exemplo, alimentos para os animais.

Mas o levantamento rigoroso dos efeitos dos incêndios de domingo e segunda-feira ainda está a ser feito por diferentes equipas de técnicos, designadamente da autarquia, conclui.

Para “aferir os diversos prejuízos ocorridos no último incêndio de Pampilhosa da Serra, o município informa todos os interessados que está a funcionar, no edifício da Câmara Municipal, um Gabinete Pós-Incêndios”, anuncia a página do município na internet, numa nota publicada hoje.

“Os interessados deverão contactar presencialmente” o Gabinete, “munidos de toda a documentação de suporte que vise os prejuízos”, acrescenta a Câmara, adiantando que este serviço funciona nos Paços do Concelho, “bem como nos Pontos + de Cabril, Pessegueiro, Portela do Fojo, Machio e Vidual”, incluindo nos fins de semana.