
Em Braga, onde se reuniu com membros da comunidade brasileira imigrante naquela cidade, Montenegro reafirmou que Portugal “precisa de um programa nacional de acolhimento, de integração de imigrantes, que faça em todo o mundo atrair gente que tem vontade de crescer na vida, vontade de trabalhar, vontade de ter uma oportunidade”.
“Eu digo hoje o que disse a semana passada e o que já digo há cinco anos”, referiu, contrapondo com António Costa, “que tem duas caras, uma em Portugal e outra no estrangeiro” e que “diz duas coisas diferentes, contraditórias entre si”.
O líder do PSD disse que Costa, depois de se ter mostrado “um bocadinho surpreendido” com as suas declarações sobre imigração, veio agora, numa entrevista, a subscrevê-las “ipsis verbis”.
“Usou, inclusivamente, o mesmo verbo: regular, regulamentar”, frisou.
Montenegro disse hoje ter ouvido dos imigrantes brasileiros em Braga que são eles mesmos que querem “acolhimento e integração com responsabilidade”.
“São os próprios imigrantes os principais interessados em poder haver uma regulação que faça com que a sua integração cá não vá descambar naqueles exemplos desumanos e indignos, como aqueles que aconteceram recentemente no Alentejo e em Lisboa e que, nós ficamos a saber, acontecem um pouco por todo o país”, referiu.
Falando à margem da cimeira da União Africana, que decorreu em Adis Abeba no sábado e domingo, o primeiro-ministro, António Costa, subscreveu a proposta do presidente do Conselho Europeu para um pacto entre a Europa e África que regule o fluxo migratório, punindo os grupos criminosos que traficam pessoas mas também promovendo canais legais de migração.
“A vizinhança convive e esse convívio tem que ser um convívio devidamente regulado e não ser uma oportunidade para a criminalidade organizada e uma ameaça para a vida de todos aqueles que querem encontrar do lado de lá do Mediterrâneo novas oportunidades de vida”, afirmou à Lusa António Costa, à margem desta cimeira na qual participou como observador, sendo o único governante não africano presente.
Em paralelo, é necessário definir canais de migração legais, sustentou o primeiro-ministro.
“Nós temos que encontrar aqui uma solução que seja positiva para todos, porque a Europa indiscutivelmente precisa de mais recursos humanos” e “África tem recursos humanos em abundância”, considerou o chefe de governo português.
Mas, “por outro lado, também a Europa tem que encontrar formas de a ajudar a criar novos postos de trabalho no continente africano para que não tenhamos aqui simplesmente uma perda de capacidade de recursos humanos no continente africano”, acrescentou.
O tema da imigração tem gerado polémica depois de na semana passada, a propósito do incêndio na Mouraria que matou duas pessoas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), ter defendido que se deve estabelecer limites por setores à imigração e criticou que seja possível atualmente a entrada de imigrantes em Portugal sem contrato de trabalho.
Já o líder do PSD, Luís Montenegro, considerou que o país deve receber imigrantes “de forma regulada” e “procurar pelo mundo” as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.
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