A sessão de esclarecimento sobre apoios às habitações danificadas era para ter decorrido hoje na Junta da Freguesia da Graça, no concelho de Pedrógão Grande, mas as mais de 40 pessoas que ali se deslocaram hoje de manhã obrigaram os técnicos da Câmara e autarquia a mudar a iniciativa para as instalações da associação daquela localidade.

No meio das perguntas feitas, destacou-se a descrença em torno do dinheiro - onde ele está e para onde ele vai - e sobre como e quando podem arrancar as obras nas suas casas, barracões ou anexos.

"Há que lhes louvar a muita paciência e entrega", comentou Paulo Conceição, que ficou com a sua casa danificada pelo incêndio, apontando para os funcionários da Câmara que iam respondendo, com calma, às dúvidas que iam surgindo.

O habitante da Carvalheira chegou à sessão sem saber como poderia recuperar a casa, que ardeu "na parte de baixo" e que ficou com a estrutura "abalada".

"Fiquei muito mais esclarecido", sublinhou, referindo que só quer que lhe "deem um jeito na estrutura", que o resto, havendo saúde, fará ele mesmo, à sua maneira, para "não chatear ninguém".

Para Paulo Conceição, "o prejuízo, a mágoa e a dor são tantas que, se alguém diz que vai ajudar, as pessoas desconfiam", considerando que as sessões promovidas pelos municípios, que arrancaram hoje, são "muito importantes" para deixar a população esclarecida sobre o que fazer.

Manuel Rodrigues, de 82 anos, perdeu a sua casa na Carvalheira Pequena, estando agora a viver "numa casinha mais velha, para desenrascar".

Deslocou-se até à sede da freguesia da Graça para saber como é que lhe vão recuperar a casa.

"Não sei nada e preciso de saber como vai ser o apoio", sublinha.

O seu vizinho Robert, de 67 anos, realça que, de momento, as aldeias estão "cheias de rumores".

"Dizem que há mais mortes, de que há mais casas destruídas, que há muito dinheiro, mas que não chega. Há muitos rumores, muitas conversas, muitas dúvidas, muita desinformação", sublinha o escocês a viver no concelho de Pedrógão Grande há seis anos.

Joaquina Cunha, da Figueira, encontrou na sessão de esclarecimento informação para ajudar os seus pais a reconstruir duas casas que perderam para o incêndio e Manuel Faria, da Soalheira, ficou com uma melhor noção do que será necessário para conseguir apoios para recuperar um anexo.

Já José Nunes, reformado de 73 anos, saiu "com as mesmas dúvidas", que a sessão era sobre habitações e o que lhe interessava era o apoio para uns "barracões" que arderam.

"Acho bem, mas acho que isto devia ser nas próprias aldeias, que há pessoas que têm forma de se deslocar e há outras que não", frisou o habitante da Adega, também descrente relativamente aos apoios anunciados: "noutros incêndios dizia-se que havia apoios, mas depois não apareceu nada".

"É normal que haja desinformação e rumores, mas tem sido possível esclarecer as pessoas", realça o presidente da Junta da Graça, Joaquim Baeta, explanando que tem havido uma preocupação para que a informação "chegue a toda a gente".

E, se as pessoas não aparecem nas sessões, o autarca sublinha que a junta, se for necessário, vai "atrás delas".

"A seu tempo, tudo será bem encaminhado e as dúvidas ficarão esclarecidas", assegurou.

As sessões de esclarecimento promovidas pela Câmara de Pedrógão Grande prosseguem na sexta-feira, na junta de freguesia de Vila Facaia, estando ainda uma outra marcada para 25 de julho, no edifício do município.