A escola leciona em dois turnos, deste a iniciação ao sexto ano, e tem oito salas de aulas com a maior parte das carteiras danificadas, cenário que se repete por vários estabelecimentos escolares, como relatam os professores.

“Não temos carteiras, as aulas decorrem em condições precárias. Isto é realmente preocupante, porque primeiro a criança vai escrevendo com o caderno apoiado no joelho, cansa-se e vai mudando permanentemente de posições e dificulta inclusive a escrita”, explicou à Lusa a professora e coordenadora do turno da manhã, Sandra Neto.

Nessas condições acrescentou, uma única aula pode ser dada em três tempos consecutivos com alunos até aos 10 anos de idade.

“Só o tempo que eles levam para escrever, para tirar o conteúdo do quadro para o caderno podemos passar dois ou três tempos numa única aula, porque eles não têm uma posição correta para apoiar o caderno”, realçou.

A professora Sandra Neto explicou ainda que as autoridades do Sambizanga estão a par da situação que a escola 1127 enfrenta daí que continuem a aguardar por respostas para melhorar as condições de ensino da instituição.

“Até agora não vimos nada, até mesmo a administradora esteve aqui e continuamos a esperar. E isso também cansa realmente os professores e dificulta acima de tudo o trabalho”, rematou.

O setor da Educação em Angola representa 6,77% do total das despesas orçamentadas pelo Estado para 2017, não ultrapassando os 500,5 mil milhões de kwanzas (2,8 mil milhões de euros).

Numa turma com mais de 45 alunos, grande parte dos mesmos partilham as poucas cadeiras que ainda resistem ao tempo, mas o recurso ao joelho ou à parede para anotar os apontamentos dos professores é um exercício diário e sobretudo doloroso, conforme relatam os próprios alunos daquela escola.

“Escrevo apoiando no joelho porque não há carteiras e nem sequer consigo escrever em condições. Dói muito o joelho e as costas e é assim todos os dias. Os outros colegas quando estão cansados apoiam também na parede”, explica Euclides Mateus da terceira classe.

Situação semelhante é narrada por Larissa do Rosário, que confessa chegar a casa todos os dias “com dores nas costas e no joelho”.

O ano letivo de 2017 em Angola arrancou oficialmente a 01 de fevereiro, com quase 10 milhões de alunos nos vários níveis de ensino, decorrendo as aulas até 15 de dezembro.

Nos dias 05, 06 e 07 de abril professores em Luanda e um pouco por todo país paralisaram as aulas reclamando melhores condições de trabalho, aumento de salário, acerto de categorias e redução da carga horária, uma greve que deve ser retomada no final deste mês para a sua segunda fase.

A falta de carteiras na escola primária 1127, segundo os professores, tem implicações diretas no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.