A portuguesa Sofia Moreia de Sousa, que ao final do dia apresentou cartas credenciais, na cidade da Praia, ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, sublinhou a importância da parceria para a mobilidade entre Cabo Verde e a União Europeia, sem assumir qualquer compromisso relativamente a uma futura isenção de vistos para cabo-verdianos.

“É um elemento muito importante das nossas relações e é uma parte em que pretendo trabalhar de forma muito intensa, juntamente com as autoridades nacionais, para, pelo menos, começarmos a trabalhar a parte técnica que permita termos uma facilitação de vistos que seja benéfica para cabo-verdianos e europeus”, declarou aos jornalistas.

Sofia Moreira de Sousa adiantou que a decisão das autoridades cabo-verdianas de isentar vistos para cidadãos europeus a partir do próximo ano foi “muito bem vista na Europa” e entendida como “um gesto de boa vontade” e de abertura de Cabo Verde ao investimento e ao turismo.

“É sem dúvida um primeiro passo para, por parte da União Europeia, começarmos a trabalhar juntamente com Cabo Verde em todas as questões técnicas que possibilitem avançarmos nesta parceria da mobilidade”, acrescentou.

A nova embaixadora, que chegou ao país há duas semanas, ressalvou porém que, no contexto atual, com os desafios das migrações, “as questões da mobilidade são muito sensíveis na opinião pública” europeia, mas mostrou-se empenhada em “avançar o mais possível no acordo de facilitação de vistos”.

Como prioridade da missão, que segundo disse pretende “consolidar e aprofundar” a parceria especial existente entre Cabo Verde e a União Europeia, Sofia Moreira de Sousa apontou o apoio ao desenvolvimento sócio/económico, ao crescimento e à criação de emprego.

“Cabo Verde é um país vizinho da União Europeia que apresenta desafios, alguns semelhantes e idênticos aos da União Europeia e, portanto, é trabalharmos em conjunto e ver o que é possível fazer, combinando esforços, para encontrar uma solução” para os desafios globais.

Em termos económicos, Sofia Moreia de Sousa manifestou a intensão de continuar os esforços para conseguir concretizar o acordo comercial da União Europeia com a região da África Ocidental, onde se insere Cabo Verde, além de fomentar o investimento europeu no país.

“Uma das formas de apoiar Cabo Verde é fomentar o investimento sustentável. Fazer Cabo Verde ser mais conhecido ainda de investidores europeus e trabalhar com as autoridades nacionais para ver o que é possível, junto das políticas gerais da União Europeia, para auxiliarmos o aumento desse investimento”, disse.

O Presidente da República cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, destacou a importância da Parceria Especial de Cabo Verde com a União Europeia e assinalou as expectativas dos cabo-verdianos relativamente à mobilidade.

“Os pilares que compõem a Parceria Especial são todos muito importantes para Cabo Verde. A sua realização progressiva tem sido muito útil na vida do país e dos nossos cidadãos. No entanto, gostaria de frisar que, o que tem criado mais expectativas aos cabo-verdianos é o da parceria para a mobilidade. Espero que num futuro muito próximo, Cabo Verde e a União Europeia possam dar passos significativos para o aprofundamento dessa parceria”, disse Jorge Carlos Fonseca.

O Acordo de Parceria de Cabo Verde com a União Europeia, único do género em África e considerado um “instrumento inovador de cooperação”, foi aprovado em novembro de 2007, institucionalizando um diálogo político regular entre as partes, que começou com a tradicional ajuda pública ao desenvolvimento, logo após a independência do país, em 1975.

A parceria é regulada por seis pilares, nomeadamente a boa governação, segurança e estabilidade, integração regional, convergência técnica e normativa, sociedade da informação e do conhecimento, luta contra a pobreza e desenvolvimento.

Este ano, os parceiros europeus chegaram a acordo quanto à inclusão de mais três pilares: reforço institucional, economia azul e gestão dos oceanos e crescimento económico, o investimento e o emprego.

Sofia Moreira de Sousa, que até agora era a ‘número dois’ da representação da União Europeia na África do Sul, sucede ao também português José Manuel Pinto Teixeira à frente da delegação da UE em Cabo Verde.