“O caminho até 2020 será marcado por uma aceleração na produção de veículos automóveis em Portugal, sendo que a perspetiva é que os construtores mais do que dupliquem o número de unidades produzidas anualmente”, revela o estudo, no âmbito da conferência Mobinov, sobre a relevância e tendências de futuro da indústria automóvel, à qual assistiram o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

Segundo o documento, denominado “Estudo do Cluster da Indústria Automóvel em Portugal”, se se confirmarem estas projeções o crescimento do emprego neste setor vai ser de 11% e as exportações vão aumentar 33% até 2020.

Segundo dados da ACAP - Associação Automóvel de Portugal, divulgados na passada quinta-feira, a produção automóvel em Portugal aumentou 22,7% em 2017 face ao ano anterior, para um total de 175.544 veículos, interrompendo a tendência de queda dos dois anos anteriores.

O estudo, que caracteriza a situação atual da indústria automóvel, classificada como “estratégica”, perspetiva também o seu futuro, como as principais tendências dos mercados ou os novos conceitos de mobilidade.

Nesse sentido, indica que os eixos de desenvolvimento estratégico devem passar pela adaptação às tendências do setor, subida na cadeia de valor, maior penetração no mercado externo e captação de investimento estrangeiro.

O estudo aponta como ações a desenvolver a adequação do novo quadro de fundos estruturais 2020-2027 “às reais necessidades do ‘cluster’”, sendo que ao nível do financiamento privado preconiza uma “melhor perceção do risco e adequação ao ciclo de retornos da indústria automóvel”.

Em matéria de ensino, considera-se relevante o seu direcionamento às necessidades desta indústria, a requalificação dos recursos humanos ou a redução dos custos de contexto.

A cooperação entre empresas, o relacionamento entre investigação e negócio e a diplomacia económica são outros dos aspetos defendidos no âmbito das ações a concretizar.

Em Portugal existem cinco fábricas ativas de produção de automóveis que empregam mais de cinco mil trabalhadores. Quanto aos fabricantes de componentes são cerca de mil.

“Portugal ocupa a 15.ª posição do ranking europeu, com um peso reduzido no total de produção, cerca de 0,7%”, informa o documento.

O presidente da Mobinov, José Couto, referiu que as empresas deste ‘cluster’ vão ter “novos desafios” para o qual têm de contar com o Governo, “com políticas económicas para tornar possível a criação de uma envolvente mais amigável para as empresas e para o investidor”, na preparação dos futuros profissionais e “com as infraestruturas necessárias”.

José Couto abordou depois o Pacto para a Indústria Automóvel, no qual consta por exemplo a necessidade de investimentos em infraestruturas que garantam a competitividade do país, em particular desta indústria.

“Os investimentos podem não acolher as nossas preocupações, nomeadamente na ferrovia, o que condicionará a competitividade do país e tem ónus para as gerações futuras”, advertiu, defendendo que tem de ser assumido como desígnio o “apoio à modernização da indústria”.

José Couto disse ainda acreditar que fazendo coisas práticas, como as que constam do pacto, o setor vai crescer nos próximos “acima dos atuais 8%”.

A Mobinov – Associação do Cluster Automóvel é uma iniciativa conjunta da Associação Automóvel de Portugal e da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel.

“A associação pretende estabelecer e gerir uma plataforma agregadora de conhecimento e competência no âmbito da indústria do setor automóvel, para promover uma crescente valorização da competitividade e da internacionalização do setor”, informa a página na Internet da Mobinov.