Parece uma história de filme de espionagem e nada garante que não seja. Xiao Jianhua, de 46 anos e um dos homens mais ricos da China, desapareceu do seu quarto no hotel de luxo Four Seasons de Hong Kong na sexta-feira, de acordo com a imprensa da ex-colónia britânica. Desde então, o seu paradeiro é desconhecido. Mas, em três comunicados atribuídos a Jianhua, publicados na conta da aplicação WeChat da sua empresa e num jornal de Hong Kong, o magnata nega ter sido sequestrado, apesar de continuar desaparecido.

Os agentes da China continental não podem atuar em Hong Kong. O caso alimenta novos receios pela crescente interferência de Pequim no local. Xiao Jianhua é fundador do Tomorrow Group, que tem interesses especialmente nos setores imobiliário e financeiro. De acordo com o South China Morning Post, está na China continental e "ajuda nas investigações" sobre a queda da Bolsa em 2015.

O índice da Bolsa de Xangai perdeu quase 40% em pouco mais de dois meses, depois de ter registrado níveis máximos em junho daquele ano. As autoridades contribuíram para a bolha com estímulos aos investimentos. Mas quando a bolha explodiu, o governo atribuiu a queda a manipulações.

Não se sabe que papel seria atribuído a Xiao nos acontecimentos. As autoridades chinesas já acusaram vários investidores suspeitos de uso de informação privilegiada. Na semana passada, um ex-gestor de fundos de investimentos foi condenado a mais de cinco anos de prisão por manipulação dos mercados. Segundo a imprensa, a investigação estaria relacionada com a queda em desgraça do ex-chefe da contraespionagem chinesa Ma Jian, acusado de corrupção. O ex-vice-diretor do ministério da Segurança do Estado, chamado por muitos de "KGB chinesa", foi expulso no fim do dezembro do Partido Comunista.

Jornais chineses deram a entender que o desaparecimento está relacionado com a campanha anticorrupção em vigor no país que, segundo os críticos, serve para atacar os opositores políticos do presidente chinês Xi Jinping.

Este não é o primeiro caso de milionários desaparecidos na China. Em 2015, Guo Guangchang, presidente da Fosun International, empresa chinesa com vários investimentos em Portugal, também esteve desaparecido por três dias e depois reapareceu. Ou pode simplesmente ser acusado e enfrentar a justiça.