Numa declaração que fez ao lado dos restantes sete chefes de Estado e de Governo do sul da Europa que estiveram hoje reunidos na capital espanhola, António Costa também sublinhou a necessidade de “os cidadãos” estarem no centro de todos os aspetos do projeto europeu.

“São os cidadãos que devem ser o centro das nossas negociações com o Reino Unido”, disse o chefe do Governo português, acrescentando que essas conversações devem ser “amigáveis” e a pensar numa relação futura “o mais próxima possível” desse país.

Os líderes europeus reúnem-se em 29 de abril em Bruxelas para aprovar as diretrizes de negociação entre os 27 e o Reino Unido que se iniciam em seguida.

O Reino Unido notificou oficialmente em 29 de março último os restantes 27 membros da UE sobre a sua intenção de abandonar o clube europeu.

Mas para António Costa, “os cidadãos também têm de estar no centro da discussão sobre o futuro da Europa”, nomeadamente em todos os aspetos relacionados com a segurança do continente, os aspetos comerciais e o fluxo migratório.

“É aos cidadãos a quem temos de dar a garantia de que há um futuro de prosperidade, de crescimento e de emprego, assente na inovação, na energia e num mercado digital”, sublinhou o chefe do Governo.

António Costa quer “bases sólidas” na construção do futuro da Europa, tendo defendido a estabilização e consolidação do euro.

“Para que isso aconteça é necessário completar a União Económica e Social, reforçar a convergência económica e reforçar o pilar social da nossa UE”, concluiu.

Mariano Rajoy (Espanha) foi o anfitrião, hoje em Madrid, dos presidentes François Hollande (França) e Nikos Anastasiades (Chipre) e dos primeiros-ministros António Costa (Portugal), Paolo Gentiloni (Itália), Alexis Tsipras (Grécia) e Joseph Muscat (Malta) no terceiro encontro dos países do sul da Europa.

A Cimeira de Madrid foi a terceira dos países do sul da Europa, depois da que teve lugar em Atenas, em 09 de setembro do ano passado, e a de Lisboa, em 28 de janeiro último.

Na capital espanhola, os sete consideraram "compreensível" o bombardeamento dos Estados Unidos a uma base aérea na Síria, após o ataque com armas químicas a 04 de abril.

"O ataque lançado pelos Estados Unidos contra a base aérea de Shayrat, na Síria, teve a intenção, compreensível, de impedir e dissuadir a propagação da utilização destas armas [químicas], limitando-se e concentrando-se sobre esse objetivo", afirmaram os sete países numa declaração conjunta, citada pela AFP, na sequência da cimeira que se realiza em Madrid.

Nesse sentido, também condenaram o alegado ataque aéreo com armas químicas a 04 de abril, na província síria de Idleb (noroeste do país), sublinhando que "o uso reiterado de armas químicas na Síria" tanto por parte do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, "como por parte do Daesh [Estado Islâmico], constituem crimes de guerra".

"Todos os autores identificados devem prestar contas por esta violação do Direito Internacional e têm de ser sancionados no quadro das Nações Unidas", indica ainda a declaração.

Sobre o futuro da Síria, os sete países sublinham que "não existe uma solução militar para o conflito".

Os chefes de Estado ou de Governo dos sete países do sul da Europa reúnem-se hoje em Madrid tendo como principais temas em agenda o futuro da União Europeia e o processo de saída do Reino Unido (‘Brexit’).