Um milhão de casos de cólera, seis crianças mortas por hora, 80% dos habitantes sem recursos, são alguns dos números hoje divulgados.

“É necessário que isto acabe, é tempo de agir”, referiu Liny Suharlim, responsável no Iémen pela ONG Acted.

“O número de pessoas com necessidades aumentou em mais de um milhão nos últimos seis meses, para atingir os 22 milhões. Assim, mais de 80% da população está dependente de ajuda humanitária para cuidados médicos, água e alimentação”, sublinhou a responsável em entrevista à agência noticiosa France-Presse.

Em 26 de março de 2015, nove países dirigidos pela Arábia Saudita desencadearam neste país, o mais pobre do Médio Oriente, a operação “Tempestade Decisiva” para combater a rebelião dos ‘Huthis’.

Desde então a guerra intensificou-se, com a entrada em cena da Al-Qaida e do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), e um conflito por procuração entre os ‘Huthis’, apoiados pelo Irão, e a Arábia Saudita.

Até ao momento contabilizam-se cerca de 8.750 mortos, mas o pior está para vir, sublinham as ONG.

“Desenha-se uma fome”, advertiu Olivier De Schutter, antigo relator especial da ONU sobre o direito à alimentação.

Segundo a ONU, 4,5 milhões de crianças e mulheres grávidas estão severamente mal alimentadas, mais 148% que antes do início da guerra. Ao ritmo atual, deverão morrer 50.000 crianças apenas durante 2017.

“E nada está relacionado com uma catástrofe natural ou uma consequência das alterações climáticas”, sublinha De Schutter, que coassinou um apelo mundial para “agir com urgência” e emitido por 350 personalidades, incluindo a atriz francesa Juliette Binoche, o cantor britânico Peter Gabriel ou a Nobel da paz iraniana, Shirin Ebadi.

“É uma situação motivada totalmente por razões políticas: governos irresponsáveis, e grandes potências cuja inação reforça o seu sentimento de impunidade. Enquanto toda uma população foi feita refém, a diplomacia parece ter abandonado os seus esforços”, acusou o responsável da ONU.

As tensões agravaram-se recentemente após os ‘Huthis’ terem morto o seu principal aliado, o antigo Presidente Ali Abdallah Saleh, devido a divergências relacionadas com a evolução do conflito.

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