Há um ano, a organização tinha decidido não incluir as forças sauditas nessa lista devido a pressões que recebeu por parte de Riad, reconheceu o então secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

A coligação liderada pela Arábia Saudita surge agora incluída na lista, juntamente com outras partes do conflito iemenita e grupos armados e terroristas que intervêm noutras guerra em diferentes países.

A lista está dividida em duas partes: uma com os que não quiseram tomar medidas para melhorar a proteção dos menores e outra com aqueles que o fizeram.

A coligação saudita aparece entre os segundos, com as Nações Unidas a destacarem que receberam informação sobre alterações nas regras dos confrontos e sobre a criação de uma equipa encarregada de rever todos os incidentes com as vítimas civis e identificar correções.

Além disso, refere que a Arábia Saudita criou uma unidade de proteção de menores no quartel geral da coligação.

Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, as alterações introduzidas este ano no formato do relatório refletem uma maior cooperação das Nações Unidas com as partes implicadas, o que deveria levar a uma melhor proteção das crianças nas guerras.

"O objetivo deste relatório não é apenas aumentar a consciencialização sobre as violações dos direitos das crianças, mas também promover medidas que possam diminuir o trágico sofrimento dos meninos nos conflitos”, disse, através do seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

A “lista negra”, no entanto, ameaça criar um novo episódio de tensão entre a organização e o país árabe, cujo embaixador anunciou uma conferência de imprensa para hoje.

Segundo a ONU, pelo menos 1.340 menores morreram ou sofreram mutilações no âmbito da guerra no Iémen durante o ano de 2016.

O relatório das Nações Unidas denuncia também os ataques contra as crianças em muitos outros conflitos, desde o Afeganistão à República Democrática do Congo, passando pelo Iraque, Somália ou Síria.

Segundo o texto, em 2016 verificaram-se em 20 países mais de 4.000 violações cometidas por forças governamentais e mais de 11.500 por parte de grupos armados não estatais.

Estes números incluem, além de ataques, o recrutamento de menores, abusos sexuais ou sequestros.