Os advogados de José Sócrates, João Araújo e Pedro Delille, disseram à Agência Lusa que tinham apresentado um recurso para “a não continuação do juiz neste processo”, lembrando que já anteriormente tinham feito um pedido de afastamento do juiz.

Hoje, em conferência de imprensa dos dois advogados disseram aos jornalistas que estavam convictos de que Carlos Alexandre “não pode ser juiz no processo de instrução” e que tinham apresentado um recurso no sentido de o impedir.

A conferência de imprensa de hoje foi marcada depois de ter sido divulgada pelo Ministério Público a acusação da “Operação Marquês”, tendo sido deduzida acusação contra 28 arguidos, um deles o antigo primeiro-ministro, que é acusado de 31 crimes.

Sócrates está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.

Os advogados reiteraram as afirmações que já tinham feito em comunicado, considerando que a acusação do Ministério Público, em relação a José Sócrates, não é “minimamente séria nem objetiva”, classificando-a como uma “violenta campanha de difamação e condenação sumária na opinião pública” do ex-primeiro ministro.

João Araújo e Pedro Delille recusaram-se a dizer se vão requerer a abertura do processo de instrução (averiguação e investigação complementar ao inquérito, de natureza facultativa), por não terem conhecimento total da acusação.

E remeteram para o Ministério Público, porque é “opinião” dessa entidade, a questão dos alegados 34 milhões de euros que José Sócrates terá recebido a troco de favorecimentos.

“Decisões só depois de conhecermos o processo, o próximo passo é conhecer o processo”, disse Pedro Delille, para quem a acusação “é todo um conjunto de ilações falsas” que “não têm suporte em nenhum dos elementos de prova” que a defesa conhece.

“Documentos, escutas, buscas e depoimentos (…) desmentem em absoluto qualquer uma das acusações”, disse Pedro Delille, afiançando: “não há crime algum, o nosso cliente não tem responsabilidade em qualquer comportamento ilícito”. E “está documentalmente provado” que é falso que Sócrates tenha recebido dinheiro, diretamente ou “em contas de amigos”, acrescentou.

João Araújo disse mesmo que a divulgação da acusação acaba por ser boa para José Sócrates, porque assim fica “fixada a versão do Ministério Público”, que “já não pode ir ajustando a sua narrativa”.