Sob o lema "a minha assinatura vale", a opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou uma manifestação na segunda e terça-feira em frente à sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em Caracas e outras cidades.

"Essa será a resposta popular ao cinismo dos agentes eleitorais, às violações repetidas, ao uso da CNE como bloqueio para adiar as eleições", ressalvou a coligação em comunicado.

A MUD convocou a mobilização após o CNE, acusado de responder ao governo, cancelar na quinta-feira um evento importante, durante o qual iria informar se a oposição recolheu um mínimo de 200.000 assinaturas válidas de 1,8 milhões apresentadas para ativar o referendo.

A oposição exige que o CNE defina as datas e procedimentos para dar continuidade à ratificação das assinaturas. Uma vez concluída essa etapa de ativação, a MUD deverá recolher quatro milhões de assinaturas para convocar um referendo.

A oposição quer que o processo se desenvolva o mais rápido possível, porque se o referendo for realizado antes de 2017, quando se completa quatro anos de mandato do atual governo - e se Maduro for derrotado - novas eleições devem ser convocadas. Apesar da convocatória para a mobilização desta semana, as manifestações correm o risco de não acontecer, uma vez que as marchas anteriores foram bloqueadas pela polícia e num clima de receio de violência, como aconteceu em 2014 quando morreram 43 pessoas.

Mais ocupados com as dificuldades diárias, os venezuelanos expressam o seu descontentamento com a situação política e económica em longas filas para comprar comida subsidiada. "Eu tenho suportado duas filas para conseguir arroz e açúcar", confessou Eneuris Cantillo, de 46 anos, numa fila em Chacao, no leste do país.

A Venezuela sofre uma grande crise agravada pela queda do preço do petróleo - responsável por 96% das suas divisas - que se tem refletido numa escassez de 80% dos produtos básicos e numa inflação de 180,9% em 2015, a mais alta do mundo.