O Governo anunciou hoje os 38 projetos vencedores do primeiro orçamento participativo do país, 36 regionais e dois nacionais, um deles para inserir a cultura tauromáquica na lista de Património Cultural Imaterial de Portugal, ao abrigo da Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial.

Dos 38 projetos foram vencedores dois de âmbito nacional, um sobre tauromaquia e outro denominado “Cultura para todos”, de incentivo à doação de livros e de acesso de jovens a museus e espaços culturais gratuitamente e durante um ano.

O projeto “Tauromaquia” foi proposto pela Associação Nacional de Tertúlias Tauromáquicas e teve o apoio da Prótoiro – Federação Nacional de Tauromaquia, entidade que há uma semana esteve envolvida numa polémica com a associação Animal, que lançou uma campanha contra as touradas.

Consiste em dar início a um processo de inventariação e classificação dos “elementos relevantes que caracterizam a cultura tauromáquica”, feito por especialistas, dois antropólogos, um sociólogo e um economista.

Hélder Milheiro, da Prótoiro, disse à Lusa que não será possível inventariar toda a cultura tauromáquica, e que o trabalho terá de ser adaptado ao orçamento disponível, mas afirmou-se satisfeito pela vitória da proposta de execução da inventariação dessa cultura tauromáquica, que será depois apresentada à Direção-Geral do Património.

Uma “vitória que é um exemplo do envolvimento cívico e democrático dos portugueses que disseram de forma clara que querem a valorização e salvaguarda do nosso património cultural e que querem a Tauromaquia declarada como património cultural imaterial de Portugal”, nas palavras de Hélder Milheiro, que à Lusa disse também: “Foi o cidadão aficionado que se movimentou, foi a voz da cidadania e da defesa do património”.

Rita Silva, presidente da associação Animal, também em declarações à Lusa, considerou o apoio do orçamento como “dinheiro deitado ao lixo”.

É atribuído a “uma atividade em declínio financeiro e que se baseia na sevícia de um animal”, é “triste e é retrógrado”, acrescentou.

A responsável reconheceu que foi uma “vitória democrática” mas frisou que “não foi Portugal inteiro a votar e que foi feita “uma campanha muito forte Junto dos apoiantes”.

E depois, salientou, não se trata de uma candidatura a património da UNESCO mas tão só um projeto de estudo.

Na quarta-feira da semana passada a associação Animal lançou uma campanha contra touradas com o objetivo de expor o dinheiro do erário público que subsidia a tauromaquia e que consiste na apresentação, no parlamento, de uma iniciativa legislativa de cidadãos para pedir o fim da atribuição de subsídios públicos à atividade tauromáquica, que diz atingir milhões de euros desde 2009.

A Federação Portuguesa de Tauromaquia negou que o setor receba subsídios públicos, considerando que as acusações da Animal são “falsas e demagógicas”.