Mahmud al Masri, de 30 anos, da cidade de Khan Yunes, na Faixa de Gaza, morreu devido a ferimentos de bala na zona fronteiriça no leste de Jerusalém, disse o porta-voz do Ministério da Saúde da Palestina, Ashraf al Qedra. Trata-se da primeira morte registada no âmbito dos confrontos.

Um segundo palestiniano, ainda não identificado, foi também atingido a tiro no leste do território, segundo a agência francesa AFP.

O ministério da Saúde começou por confirmar duas vítimas mortais, tendo posteriormente corrigido esta informação. O segundo homem foi atingido na cabeça, mas continua vivo, apesar de estar em estado grave.

O porta-voz da ministério, Ashraf al-Qudra, explicou que o jovem, cujo coração parou de bater, foi declarado morto, mas os médicos conseguiram reanimá-lo no hospital.

O Dia da Ira é uma jornada convocada por diferentes organizações árabes para protestar contra o reconhecimento, por parte do Presidente dos Estado Unidos, Donald Trump, de Jerusalém como capital do Estado de Israel.

O número de feridos na Faixa de Gaza, eleva-se a 34, todos devido a ferimentos de fogo real, segundo a agência noticiosa espanhola Efe.

As autoridades registaram hoje confrontos em Jerusalém e na Cisjordânia.

Várias dezenas de palestinianos e cerca de cinquenta polícias israelitas envolveram-se numa breve mas intensa briga nas ruas da cidade velha, em Jerusalém Oriental, resultando em vidros partidos nas montras das lojas próximas, constatou um fotógrafo da agência France Presse. Os polícias repeliram os manifestantes com bastões e cassetetes, fazendo com que estes fugissem para as ruas adjacentes.

Em Jerusalém e na Cisjordânia, até meio do dia, registaram-se poucos confrontos. No entanto, em Hebron, Belém, Jericó e perto de Nablus, as forças israelitas dispararam balas de borracha e lançaram gás lacrimogéneo contra jovens palestinianos que os atingiram com pedras, reportaram jornalistas da AFP e várias testemunhas. Os jovens traziam a cara coberta. Em Hebron, centenas de manifestantes escondidos em vários pontos da cidade lançaram pedras contra os soldados.

Hoje, sexta-feira, dia da principal oração da semana dos muçulmanos, esperam-se fortes confrontos na região. Vários movimentos islâmicos palestinianos apelaram a que hoje se cumprisse um dia "de raiva" por causa da decisão anunciada na quarta-feira pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Os Estados Unidos transformaram-se assim no único país do mundo a reconhecer Jerusalém como capital de Israel. A comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como capital de Israel, nem a anexação da parte oriental da cidade, conquistada em 1967.

Israel considera a Cidade Santa a sua capital “eterna e reunificada”, mas os palestinianos defendem pelo contrário que Jerusalém-leste deve ser a capital do Estado palestiniano ao qual aspiram, num dos principais diferendos que opõem as duas partes em conflito.

A diplomacia mundial, com exceção de Israel, mostrou-se contra, ou condenou mesmo, a decisão.

Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.

“Dia 08 de dezembro será o primeiro dia de uma Intifada contra o nosso inimigo sionista”

O Hamas convocou para hoje o início de uma nova revolta contra Israel em reação ao anúncio norte-americano de reconhecer Jerusalém como capital do Estado israelita, decisão também hoje analisada de urgência no Conselho de Segurança da ONU.

“Dia 08 de dezembro será o primeiro dia de uma Intifada contra o nosso inimigo sionista”, disse, na quinta-feira, o líder do movimento radical palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, num discurso na Faixa de Gaza.

“Só podemos enfrentar a política sionista – apoiada pelos Estados Unidos – lançando uma nova Intifada”, reforçou Ismail Haniyeh.

O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, reconciliou-se em outubro passado com a Fatah, movimento secular e moderado ao qual pertence o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas.

O acordo de reconciliação, que acabou com quase 10 anos de desentendimentos, deu origem ao anúncio de um governo de unidade nacional.

No mesmo dia em que está convocado o início da ‘terceira Intifada”, o Conselho de Segurança da ONU reúne-se de urgência em Nova Iorque para analisar o anúncio de Trump e uma eventual resposta à decisão de Washington.

A reunião de urgência foi convocada por oito dos 15 membros integrantes do Conselho de Segurança da ONU.

(Notícia atualizada às 16h07)