O encontro aconteceu no final da reunião inter-religiosa em que participou hoje o papa Francisco, no jardim da sede do arcebispado, com representantes muçulmanos, budistas, hinduístas e outros cristãos.

O papa utilizou pela primeira vez a palavra rohingya desde o início da sua viagem pela Ásia, nesta semana.

Um grupo de três famílias da minoria muçulmana, 16 pessoas no total – entre os quais duas mulheres que estavam de niqab (véu integral, só deixa os olhos de fora), uma rapariga e um bebé — saudaram o papa, que falou com cada uma delas algumas palavras.

As mulheres retiraram o niqab quando viram o papa e, graças a um tradutor, contaram as suas histórias a Francisco, que escutou em silêncio.

Um a um passaram diante do papa, que lhes pegou nas mãos enquanto escutava, mostrando um rosto muito concentrado e muito sério.

“Nós sentimo-nos próximos. A vossa situação é muito dura. Todos fomos criados à imagem de Deus”, disse o papa aos rohingyas.

“A presença de Deus hoje também se chama rohingya. Que cada um tenha a sua resposta”, disse Francisco.

“Em nome daqueles que lhes causaram danos, diante da indiferença do mundo, peço-vos perdão”, declarou, sendo que muitos dos rohingyas choraram durante o encontro.

“Continuemos ajudando-os. Não fechemos os seus corações (…)”, referiu ainda o papa.

O bispo de Chittagon, Moses M. Costa, confirmou a alguns meios de comunicação que durante a missa, na manhã de hoje, o papa havia mostrado interesse em ir aos acampamentos de refugiados de Cox’s Bazar, mas “o Governo não havia permitido por questões de segurança, mas permitiu trazer um grupo de rohingyas para que o papa pudesse estar com eles”.

O presidente da Cáritas do Bangladesh, Gervas Rozario, explicou à agência de notícias Efe que escolheram estas famílias de forma aleatória, entre as que distribuem ajuda humanitária e de primeira necessidade a cada 15 dias.

O Bangladesh, com 160 milhões de habitantes, enfrenta desde o verão o exílio forçado de milhares de pessoas da comunidade rohingya que fogem da Birmânia.

Mais de 620 mil pessoas da minoria muçulmana birmanesa começaram a abandonar o país em direção ao Bangladesh, há três meses, para escaparem a perseguições que as Nações Unidas consideram “limpeza étnica”.

A crise humanitária que atinge os rohingyas é uma das mais graves ocorridas no século XXI e está a marcar a deslocação do chefe da igreja católica a esta região.