Pedro Passos Coelho, que hoje se reuniu com autarcas social-democratas de cinco concelhos do distrito de Santarém afetados pelos incêndios deste ano, afirmou que a declaração feita terça-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, apelando a um consenso numa “estratégia nacional que permita uma década de convergência com a União Europeia”, não constitui uma novidade e que o PSD “participará sempre” na discussão de matérias que “pertencem ao país”.

O líder social-democrata afirmou que as questões da coesão do território, da qualificação dos recursos, de aposta na valorização estratégica do país não constituem novidade e estavam já consensualizadas, não sendo matéria para um “concurso de ideias”.

“É preciso depois trocar isso por miúdos, saber o que significa, em que é que o Governo está a pensar, para não promover um debate mais ou menos vazio em que o Governo se apresenta aos portugueses como quem lança um concurso de ideias: ‘ora digam-nos lá o que é que acham que isto deve ser'. Ora isto não é um concurso de ideias, nem de ideias gerais”, disse.

Passos Coelho desafiou o Governo a dizer “o que quer fazer, quais são as suas prioridades”, no que “é que está a pensar do ponto de vista dos grandes eixos de afirmação de Portugal nos próximos anos”, sublinhando que não conhece o trabalho feito pelo executivo nesta matéria.

“Se o Governo fez, nós ainda não conhecemos”, declarou, frisando que o PSD “participará sempre nestas matérias, porque estas não são matérias que pertençam ao Governo, são matérias que pertencem ao país, aos portugueses”, e o partido não ficará de fora dessa discussão.

Para o líder social-democrata, este é um debate “muito relevante para fazer para futuro”, insistindo que nesta matéria “nunca há ideias muito criativas nem muito inovadoras” porque os problemas estruturais do país “não mudam com facilidade”.

O presidente do PSD reafirmou ainda a ideia de que o nível de execução do atual quadro comunitário é “muito baixo”, com áreas que o Governo tem considerado relevantes – como as que servem as obras públicas –, e que são consensuais, paradas.

Como exemplo apontou o facto de se continuar a falar da ligação em bitola europeia entre o porto de Sines e Caia, questionando se é para depois de 2020 ou para ser executada no atual quadro, pois já estava prevista.

“Estamos a reprogramar as coisas dentro do atual quadro, porque o atual Governo tomou a decisão de não avançar com esses projetos que já estavam previstos e agora é preciso recalendarizá-los para que eles possam ir para a frente e ser financiados no âmbito do atual quadro financeiro, ou o Governo já desistiu deles e simplesmente quer reprogramá-los para depois de 2020? São respostas que ainda não obtivemos”, declarou.

António Costa insistiu terça-feira, na primeira sessão de lançamento da discussão sobre o futuro quadro comunitário, na aprovação formal por dois terços do Plano Nacional de Infraestruturas, considerando essencial uma estratégia nacional que permita uma década de convergência com a União Europeia.