“Quem estiver verdadeiramente preocupado nos próximos anos a responder aos problemas estruturais mas também a salvaguardar e resguardar melhor o país de qualquer intempérie externa ou adversidade que possa ocorrer (…) então eu penso que está na altura de começar a arrepiar caminho rapidamente”, afirmou o ex-primeiro-ministro.

Ao longo de quase uma hora, Passos Coelho, que falava numa sessão aos empresários da Tecmaia, foi deixando alguns conselhos ao atual Governo e chegou a dizer que se fosse primeiro-ministro “só não andaria tão rápido quando o Governo" porque não acredita que "para as pessoas seja mais importante andar depressa demais”.

“O mais importante é não tropeçar, não cair e não ter de voltar a ter de adotar medidas restritivas no médio prazo. O mais importante é que a recuperação seja consistente, que a remoção das medidas de austeridade possa ir sendo feita gradualmente mas de forma permanente”, assinalou.

Sobre as medidas do atual executivo, o social-democrata considerou “muito negativo não apenas os sinais dados de reversão na área estrutural, como tem vindo a ser emitido pela atual maioria”, mas também “muito imprudente que o debate público nacional vá pontuando a discussão envolvendo ou ameaças de nacionalizações – já aconteceu com a TAP, regressou agora a conversa de uma possível nacionalização do Novo Banco”.

“Não me parece que qualquer discussão em torno de uma possibilidade da restruturação da dívida pública portuguesa possa gerar confiança na atração de investimento”, frisou Passos Coelho, repetindo a necessidade de “inverter rapidamente estes sinais e de voltar a dar os sinais adequados”.

"Fazer o contrário do que está a ser feito"

O ex-primeiro-ministro defendeu mesmo que a economia portuguesa precisa de investidores e financiamento e que “aquilo que está a pontuar a retórica política de quem faz as escolhas hoje, vai ao arrepio do que é favorecer este objetivo”.

“Precisávamos de fazer o contrário do que está a ser feito”, frisou Passos Coelho para quem se as políticas do anterior Governo responderam aos problemas do país, então “deviam continuar, independentemente dos governos”.

“A Comissão Europeia vê riscos que estão a ser elevados com uma política de reversão de resultados que foram obtidos em matéria estrutural”, lembrou.

Nesse sentido, considerou que “reverter ou desfazer o que o Governo anterior realizou (…) representa um retrocesso permanente” que, a ser aplicado por todos sucessivamente, é um sinal de “imaturidade democrática”.

E acrescentou: “se perdermos tempo a andar para trás, nunca estaremos em condições de aproveitar as melhores oportunidades que o presente e o futuro nos podem oferecer para progredir e não para regredir”.

Pedro Passos Coelho lembrou também que se nos últimos anos Portugal conseguiu conquistar a credibilidade e a confiança dos mercados, hoje é tempo de “usar essa confiança como um escudo que nos protegesse mais de crises que se estão a anunciar no exterior”.

“Este não é o tempo para fragilizar esse escudo ou para o pôr de lado e deixar-nos mais desprotegidos relativamente às ameaças externas”, disse o social-democrata.