"Se eu permanecesse vitorioso à frente do PSD, como líder do PSD, em vez de estar a construir uma alternativa de Governo, estaria em permanência a combater o preconceito e a ideia feita de que estava agarrado ao poder do partido e de que estava a resistir ceder o lugar a quem tem melhores ideias, melhores estratégias para levar o partido a melhor porto", justificou Pedro Passos Coelho, numa intervenção perante o Conselho Nacional, aberta à comunicação social.

Passos Coelho reiterou que não se demitirá na sequência de eleições locais e assegurou que "o partido não ficará em gestão".

"Mas como não saio ileso deste resultado não posso deixar de tirar dele consequências para futuro", disse. Torna-se "muitíssimo claro" que essa consequência "se exprime na decisão de não me apresentar a uma recandidatura", acrescentou.

"O facto de não me recandidatar à liderança do PSD não significa que me vá calar para sempre, não deixarei de lutar pelo meu país da melhor maneira que souber", prometeu, numa passagem muito aplaudida da sua intervenção perante o Conselho Nacional.

Passos Coelho garantiu que, "sejam quais forem os protagonistas desta nova fase do PSD", poderão contar com a sua lealdade e deixou uma palavra especial ao líder parlamentar, Hugo Soares, e ao eurodeputado social-democrata Paulo Rangel, ambos presentes na sala.

"Sei que o PSD é um grande partido aqui e é um grande partido na Europa. De um lado com o Hugo, do outro com o Paulo Rangel, aproveitaremos bem estes tempos para mostrar que o PSD é um pilar de estabilidade e construção do futuro", defendeu.

A este propósito, Passos Coelho anunciou que, na quarta-feira, será o líder parlamentar a protagonizar, do lado do PSD, o debate quinzenal com o primeiro-ministro.

"Desejo sinceramente que o período que se vai agora abrir seja encarado como uma grande oportunidade", afirmou, garantindo que não irá ser "um obstáculo" nem envolver-se nessa discussão, cabendo à secretária-geral organizar o processo eleitoral.

Apesar de considerar que não tem condições para se recandidatar a um novo mandato à frente do PSD, Passos assegurou que não desistirá das ideias que sempre defendeu e que irá "apresentá-las pelo país" quando entender.

"Mas não andarei a rondar nem a assombrar, desejo, do fundo do coração, o melhor para o meu país e para o meu partido", afirmou, num tom de voz mais emotivo do que o habitual e perante uma sala repleta de conselheiros nacionais.

[Artigo atualizado às 22:16]