De acordo com fontes sociais-democratas presentes da reunião, Passos Coelho admitiu que esta poderá ser a sua última intervenção nas reuniões da bancada e absteve-se de fazer uma análise mais aprofundada da situação política, devido às eleições directas do próximo sábado que escolherão o seu sucessor e irão ser disputadas entre Santana Lopes e Rui Rio.

Na reunião, o ainda presidente do PSD apenas abordou os temas da procuradora-geral da República (PGR) e da lei do financiamento dos partidos.

Sobre Joana Marques Vidal, Passos Coelho, sem se pronunciar directamente sobre a sua recondução, acusou o Governo da “maior falta de coragem” e pediu ao partido que não deixe 'cair' este tema.

Acerca da lei do financiamento dos partidos, reiterou o que já tinha dito publicamente: que não houve qualquer intenção de esconder nada no processo, mas admitiu que, perante a polémica que se seguiu à aprovação das alterações (vetadas pelo Presidente da República), talvez a matéria pudesse ser tratada de outra forma.

A questão da PGR foi colocada na ordem do dia depois de, na terça-feira de manhã, em entrevista à TSF, a ministra Francisca Van Dunem ter dito que, na sua análise jurídica, “há um mandato longo e um mandato único" do cargo, dando a entender que Joana Marques Vidal deixará o cargo em outubro.

À tarde, no debate quinzenal, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o Governo ainda não tomou qualquer decisão sobre o futuro da PGR, mas admitiu concordar com a “interpretação jurídica pessoal” da ministra de que se trata de um mandato único.

Sobre a lei do financiamento dos partidos, no passado fim de semana, Passos Coelho defendeu que o parlamento não deve desperdiçar a oportunidade para clarificar quais eram as intenções da aprovação da lei.

Em declarações aos jornalistas em Viseu, Passos Coelho disse que esta matéria “foi interpretada de forma bastante polémica” e “mereceu da parte do Presidente da República a devolução da lei ao parlamento”.

No que respeita ao PSD, a intenção “não era introduzir alterações significativas ao regime que vigorava” e, portanto, achava que estava “a percorrer um caminho relativamente seguro”, referiu.

O objetivo, sustentou, era “ir ao encontro das recomendações do Tribunal Constitucional para dar um enquadramento diferente às ações de fiscalização e de avaliação das finanças partidárias e dos contributos públicos que os partidos recebem e, por outro lado, procurar clarificar, sobretudo no regime do IVA, aquilo que, da experiência tida, aconselhava clarificação”.

Apesar de “ter sido boa” a intenção do PSD, Passos admitiu então que o partido possa “não ter sido tão feliz” como desejava.

(Notícia atualizada às 12h27)