"Não tenho ideia nenhuma de o Presidente da República andar a fazer guerra aos partidos nem de nenhum partido andar a fazer guerra ao Presidente da República", afirmou Passos Coelho, em declarações aos jornalistas no final de uma visita o Centro de Assistência Paroquial de Amora, ao lado do candidato do partido à Câmara Municipal do Seixal, Manuel Pires.

Questionado sobre as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, que na semana passada sugeriu que a direita "andava distraída", Passos Coelho disse não ter ideia "de nenhuma declaração crítica do Presidente da República em relação ao PSD".

"Volta meia volta aparecem, mais ao nível da comunicação social do que nas declarações dos próprios, notícias de que pode haver uma tensão, até já li a palavra guerra", disse, considerando tais afirmações "absolutamente deslocadas".

Passos Coelho salientou que o PSD não tem "estados de alma" em relação ao atual chefe de Estado: "Nós apoiámo-lo, ele foi eleito, está a exercer o seu mandato, faremos a avaliação na altura própria".

Na semana passada, durante uma visita a Andorra, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, numa metáfora do percurso que fazia a pé: "Agora viramos à direita, coisa que eu em Portugal já não faço há algum tempo. De vez em quando faço, mas a direita não nota. Eu quando viro à direita em Portugal, a direita está distraída a bater na esquerda, não nota. Em vez de aproveitar, não nota".

O líder do PSD defendeu que nenhum partido deve instrumentalizar a figura do Presidente da República, que tem "um palco próprio", e considerou que trata da mesma forma os dois chefes de Estado com quem conviveu, "o doutor Cavaco Silva e o doutor Rebelo de Sousa".

"O Presidente da República não é o presidente do PSD, é o presidente de todos os portugueses, umas vezes exprimirá posições em que nos revemos mais outras em que nos revemos menos, mas deve ser sempre uma posição própria", defendeu.

Passos Coelho reiterou as críticas que tem feito ao Governo de um aproveitamento "escandalosamente partidário" da atual campanha autárquica e saudou, a este propósito, que o Presidente da República tenha dito uma palavra a propósito dos seus deveres de neutralidade.

No entanto, o líder do PSD distinguiu a presença de membros do executivo do PS para "anunciar uma ambulância aqui" ou "uma obra acolá" da anunciada intenção do Governo noticiada pelo Expresso de começar a discutir as perspetivas financeiras para o quadro comunitário pós-2020.

"Acho muito bem que o governo vá agora para a estrada e comece a discutir as perspetivas financeiras para o quadro pós-2020, até se esperaria que tivesse começado mais cedo", disse, pedindo ao Governo que "fale com os partidos todos, com as associações empresariais, com a concertação social".

Durante a visita ao Centro de Assistência Paroquial da Amora, Passos visitou as várias salas com crianças que, na sua maioria, regressavam hoje à escola.

Na sala de tempos livres, com crianças entre os 6 e os 10 anos, uma menina perguntou a Passos Coelho porque foi escolhido para líder do PSD.

"Eu tornei-me presidente do PSD porque as pessoas do PSD votaram em mim. E esta é a historia, não parece muito complicado, pois não? Parece fácil, depois há mais qualquer coisa que se podia dizer sobre este assunto e vocês têm revisões para fazer", comentou, em tom de brincadeira.

Uma aluna disse ainda que gostaria de ter como visita no centro o papa Francisco, o que Passos Coelho disse ser difícil, uma vez que o chefe da Igreja Católica esteve em Portugal em maio deste ano.

"Mas talvez encontres alguém que te possa prometer trazê-lo cá muito rapidamente, há pessoas que têm um engenho especial para fazer esse tipo de promessas? Há que ser positivo e acreditar", disse Passos Coelho, numa visita em que teve a companhia da vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque, deputada eleita por Setúbal e candidata à Assembleia Municipal de Almada.

[Notícia atualizada às 18h07]