“Está tudo desmotivado, cansado. Não encontro palavras para descrever o nosso espírito. É um cenário dantesco, calamitoso. Isto é inimaginável”, afirmou à agência Lusa Fernando Lopes, numa rara ligação telefónica que foi possível estabelecer com o autarca do norte do distrito de Leiria.

Fernando Lopes adiantou que “ardeu quase tudo no concelho”, como “quase tudo” nos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, também no distrito de Leiria.

“Isto é um cenário que não consigo descrever, só vivendo como o vivi. Arderam casas, pessoas dentro de casas. Pessoas que morreram asfixiadas na rua, dentro de casa, e também carbonizadas”, continuou o presidente do município, o de menor dimensão do distrito de Leiria, que lidera há 12 anos.

O autarca, que noutras ocasiões se viu confrontado com fogos de grandes dimensões, garantiu nunca ter visto “o fogo a andar de um lado para o outro com toda a velocidade”, para concluir que “era uma coisa do outro mundo”.

Fernando Lopes revelou que se trata de uma situação “o pior que se possa imaginar”, lamentando que o concelho esteja sem comunicações, “nem de rádio, nem de telefone”, e que tenha “muito poucos meios”.

O presidente da câmara disse ainda esperar que “o primeiro-ministro, que sabe ser uma pessoa solidária, não falhe” no apoio ao concelho, dando conta de que à queixa de que não tinha comunicações, António Costa, que se deslocou ao concelho, entregou-lhe um telemóvel de outra rede.

Segundo Fernando Lopes, agora “é deixar arder a floresta” e “proteger pessoas e bens, principalmente casas”.

“Setenta e cinco por cento da área florestal do concelho ardeu, assim como algumas casas”, declarou o autarca, que elogia “a onda de solidariedade muito grande”.

Classificando essa solidariedade como “uma espécie de conforto”, o presidente da câmara alertou que “não chega”.

O fogo, que deflagrou às 13:43 de sábado, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, alastrou depois aos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria, e entrou também no distrito de Castelo Branco, pelo concelho da Sertã.

O último balanço dá conta de 62 mortos civis e 62 feridos, dois deles em estado grave. Entre os operacionais, registam-se dez feridos, quatro em estado grave. Há ainda dezenas de deslocados, estando por calcular o número de casas e viaturas destruídas.

O Governo decretou três dias de luto nacional, até terça-feira.

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