"Aqui em Pedrógão e nos outros dois concelhos, Castanheira [de Pera] e Figueiró [dos Vinhos], estamos a fazer levantamento de necessidades de primeiro momento, que avaliamos e, em princípio, apoiamos, com ligação direta aos senhores presidentes de Câmara que acolheram esta iniciativa da Santa Casa com muito boa vontade", disse à agência Lusa Lídio Lopes, coordenador da Missão Santa Casa.

Entre as necessidades sentidas pela população afetada pelo incêndio contam-se ventoinhas para fazer face às temperaturas elevadas, frigoríficos ou dezenas de lonas necessárias para substituir os telhados destruídos pelo fogo.

"Uma ventoinha é uma necessidade hoje. Ou um frigorífico. Ou lonas para cobrir espaços que perderam cobertura, são necessidades imediatas e que podem ser por nós satisfeitas imediatamente, é nesse contexto que estamos aqui a apoiar", argumentou Lídio Lopes.

A equipa da Missão Santa Casa inclui ainda quatro psicólogos para apoio às populações afetadas, que integram a equipa mista coordenada pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, que chegaram terça-feira e estarão no terreno até sexta-feira, período que poderá ser estendido.

Questionado sobre se existem diferenças no exercício do apoio social e psicológico entre um grande centro urbano como Lisboa, de onde os técnicos da Santa Casa são originários e as pequenas aldeias do interior centro do país, Lídio Lopes admitiu que são realidades distintas, mas com pontos em comum.

"São realidades distintas, o mundo rural pela dispersão e isolamento. Mas em Lisboa também há realidades de isolamento, embora morando numa rua cheia de prédios há pessoas que vivem sozinhas. Há denominadores comuns, sendo que no interior há uma especificidade própria na relação até das pessoas, uma abertura" [diferente de Lisboa], considerou.

"Elas [as psicólogas] ao chegarem aos locais, o que me dizem é que as pessoas as acolhem logo com tudo o que têm, o que significa que são reconhecidas e agradecidas e hospitaleiras e, neste momento de necessidade, ainda precisam de muito mais apoio, estão frágeis. Ao estarmos cá, estamos claramente a fazer aquilo que se chama ‘por boas causas'. A boa causa de chegar a quem mais necessita e mais precisa", ilustrou Lídio Lopes.

Numa nota enviada à agência Lusa, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) informou que "desde o primeiro momento" o provedor Pedro Santana Lopes disponibilizou "todo o apoio" da instituição às autoridades do concelho de Pedrógão Grande.

"A SCML não podia ficar indiferente perante uma tragédia desta dimensão, pelo que a única preocupação é dar todo o apoio necessário aos esforços que estão a ser desenvolvidos no terreno", refere.

O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e foi dado como dominado na tarde de quarta-feira, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.

O fogo começou em Escalos Fundeiros, e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.

Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Este incêndio já consumiu cerca de 30.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.