“Havia perto de uma centena de pessoas a bordo”, afirmou Alauddin Nayan, responsável da guarda costeira, à agência noticiosa francesa AFP.

Da centena de passageiros, menos de 40 são adultos, “o resto são crianças”, de acordo com testemunhos de sobreviventes, indicou o mesmo comandante.

O novo naufrágio ocorreu na noite de domingo não longe da aldeia costeira de Galachar, no golfo de Bengala, onde os rohingya enfrentam há semanas um mar agitado na tentativa de fugir da onda de violência na Birmânia.

Doze corpos foram encontrados esta manhã: “Dez crianças, uma mulher idosa e um homem”, segundo a guarda costeira, que resgatou vários sobreviventes daquela minoria muçulmana apátrida, considerada pela ONU como uma das mais perseguidas do planeta.

A ONU elevou no domingo para 519.000 o número de rohingya que chegaram ao Bangladesh em fuga da violência na Birmânia desde 25 de agosto, dias após ter revisto o plano de resposta à crise humanitária no país.

A crise dos rohingya começou a 25 de agosto, após um ataque de um grupo rebelde desta minoria muçulmana às instalações policiais e militares no estado ocidental birmanês de Rakhine, uma ação a que o exército respondeu com uma ofensiva que ainda prossegue.

De acordo com testemunhas e organizações de direitos humanos, o exército birmanês arrasou povoações incendiando-as e matou um número indeterminado de civis a tiro enquanto esvaziava essas localidades.

O Governo birmanês assegurou que a violência foi desencadeada por “terroristas rohingya”, mas o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos classificou a operação militar como “limpeza étnica”.

Antes da campanha militar, os rohingya que habitavam em Rakhine eram estimados em um milhão.

A Birmânia, onde mais de 90% da população é budista, não reconhece cidadania aos rohingya, os quais sofrem crescente discriminação desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.

Apesar de muitos viverem no país há gerações, não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas, aos hospitais e o recrudescimento do nacionalismo budista nos últimos anos levou a uma crescente hostilidade contra eles, com confrontos por vezes mortíferos.

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