Denominado "Porto com + Saúde", o projeto foi dinamizado pela Associação “Cura +”, envolvendo 17 alunos do Mestrado Integrado da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, que contam com a colaboração de 70 voluntários, oriundos das faculdades de Belas Artes e de Economia.

Teresa Couto, diretora da associação, explicou à Lusa que a ideia do projeto surgiu quando "uma das fundadoras, a Joana Carvalho, observou na farmácia onde fez o estágio extracurricular que as pessoas pediam fiado ou não tinham acesso aos medicamentos".

"A recetividade das farmácias foi muito boa, até porque já tínhamos algum ‘feedback' dos nossos professores na faculdade e de pessoas da área", disse.

Um protocolo com o Centro Social da Nossa Senhora da Vitória, que lhes permitiu ter acesso "à lista das pessoas com um rendimento ‘per capita' inferior a 100 euros/mês e uma rede de voluntários, que estão nas farmácias a sensibilizar as pessoas para que façam os seus donativos, fez o resto", acrescentou João Rosa, coordenador do projeto de intervenção social.

"Atualmente, estamos a ajudar 40 famílias e até ao primeiro ano do projeto queremos chegar às 60”. Por outro lado, o número de farmácias de apoio, todas na zona da Vitória, “subiu de três para seis e estamos a negociar com mais duas a sua adesão", revelou Teresa Couto.

Criado para intervir numa zona pobre da cidade, o projeto tem registado uma "boa" adesão, congratulou-se a diretora, que sublinhou até dos turistas têm surgido contribuições.

O passo seguinte passa por "parcerias com todas as sete faculdades de farmácia do país”. Passa ainda, acrescentou a fonte, por outra parceria com a Associação Dignitude, de Lisboa, “que fará com que os utentes tenham acesso a um cartão que estará ligado ao sistema informático das farmácias e onde figuram os medicamentos de que necessitam".

A desejada expansão a nível nacional do projeto passa, ao mesmo tempo, por "ter mais voluntários e outras Instituições Particulares de Segurança Social envolvidas", explicou Teresa Couto.

"Sabemos que o nosso projeto já salvou vidas. Não por contacto direto, mas pelo que nos foi dito pela Dra. Ana Pinto, do centro social e responsável pela referenciação dos utentes a quem permitimos ter um acesso regular a medicamentos que de outro modo não teriam", relatou.

A faixa etária que mais tem recebido ajuda "começa nos 45 anos, mas são as pessoas com mais de 50 anos as mais necessitadas", sublinhou a responsável para quem o projeto "tem implicações na política de saúde do país".

"Com a nossa ajuda melhorámos a qualidade de vida dos nossos utentes e poupámos ao país na questão dos internamentos, das consultas desnecessárias, do uso irresponsável dos medicamentos e proporcionamos às pessoas poder voltar a ter condições para, por exemplo, voltar a procurar emprego e a outros abandonar o seu isolamento", disse.

E se o projeto no Porto tem, ainda, uma escala reduzida Teresa Couto salientou que "um dia que atinja uma escala nacional a poupança para o Estado será ainda mais evidente".