Portugal está entre os dez países que não respeitam as recomendações científicas para uma pesca sustentável. A chamada de atenção é dada pela Fundação para a Nova Economia (NEF), o think tank britânico que promove justiça ambiental, social e económica. Através do relatório Landing the blame: overfishing in the Northeast Atlantic 2016, a fundação alerta para os riscos da sobrepesca.

Alimentos para mais 89 milhões de cidadãos europeus, mais 20 mil novos empregos em todo o continente e 1,6 mil milhões em receitas anuais. Três vantagens para a Europa se decidir dar mais atenção a um dos seus recursos naturais mais importantes - o mar -, avisa a NEF.

Se as águas forem bem geridas e os stocks de peixe voltarem ao seu máximo sustentável, explica o estudo, a União Europeia (UE) poderá aproveitar todo o seu potencial daqui a uma geração.
 
Para gerir as pescas e a renovação dos stocks de peixe, são fixados anualmente pela UE totais admissíveis de capturas (TAC), ou possibilidades de pesca. Estes TAC, cujos limites de capturas são expressos em peso ou quantidades, baseiam-se em pareceres científicos sobre o estado das unidades populacionais.

A NEF analisou os TAC decididos em Dezembro do ano passado, relativos a populações de peixes do Atlântico do Norte. Ao cruzar a informação com as recomendações científicas, concluiu que sete em cada 10 stocks de peixes não respeitam as recomendações dos cientistas. Este ano, a sobrepesca no Atlântico Norte poderá, assim, exceder em 13% o recomendado.

Portugal faz parte da "Liga da Sobrepesca de 2016" elaborada pela NEF e ocupa o sétimo lugar do ranking com um excesso de 11%. A Irlanda, a Espanha e a Suécia têm as percentagens mais altas da tabela. Estes três estados-membros da UE poderão pescar este ano mais 26%, 24% e 23%, respetivamente, do que aquilo que os cientistas determinaram para a sustentabilidade das espécies.