“Em termos da Valorsul, só estão os serviços mínimos aqui na central, em São João da Talha, e a central está a fazer manobras para parar”, disse à Lusa Navalha Garcia, do sindicato representativo dos trabalhadores da Valorsul, que serve 19 municípios da grande Lisboa e zona Oeste.

Os serviços mínimos implicam cinco funcionários, quando habitualmente, no turno entre a meia-noite e as 08:00, estariam dez, explicou, antecipando que pelas 04:00 a turbina da central terá parado completamente.

Eduardo Florindo, que representa os trabalhadores da Amarsul, afirmou que a greve “está com uma adesão de 95%, a empresa está completamente parada”, apenas com a presença de alguns trabalhadores para “cumprir serviços mínimos”.

Não foi possível obter números relativos à adesão à greve durante a madrugada junto das empresas.

Valorsul e Amarsul iniciaram hoje o primeiro de dois dias de greve para exigir aumentos salariais. A greve, de 24 horas com início à meia-noite, decorre hoje e na sexta-feira, dia 16, no mesmo horário, afetando 28 concelhos das regiões de Lisboa, do Oeste e da Península de Setúbal.

No caso da Valorsul, a paralisação afeta 19 concelhos das regiões de Lisboa e Oeste, nomeadamente os municípios de Alcobaça, Alenquer, Amadora, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lisboa, Loures, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Odivelas, Peniche, Sobral de Monte Agraço, Rio Maior, Torres Vedras e Vila Franca de Xira.

Por seu turno, a greve dos trabalhadores da Amarsul afeta nove municípios da Península de Setúbal, mais concretamente Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal.

Segundo os sindicatos, os trabalhadores das duas empresas exigem o aumento dos salários e o cumprimento do acordo de empresa, defendendo ainda a reversão da privatização dos serviços de tratamento e valorização de resíduos.

Em julho de 2015, a Amarsul e a Valorsul passaram a integrar o grupo Mota-Engil por via da aquisição da Empresa Geral de Fomento (EGF), detentora de 51% do capital social da Amarsul.

O processo de privatização da EGF desenvolveu-se através de um concurso público internacional, lançado no primeiro trimestre de 2014 pelo primeiro Governo de Pedro Passos Coelho, tendo ficado concluído em julho de 2015 com a aquisição de 95% do capital (que pertencia à Águas de Portugal) por parte do consórcio SUMA, que integra a Mota-Engil.

Por seu lado, as duas empresas asseguraram, em comunicados, que as reivindicações dos trabalhadores já estão a ser cumpridas, tendo recebido o pré-aviso de greve “com surpresa” e “perplexidade”.

Em comunicados autónomos, a Amarsul e a Valorsul referiram que decidiram aumentar os salários, com efeitos retroativos a janeiro, privilegiando os trabalhadores com remunerações mais baixas.

As duas empresas alegam, ainda, que “a aplicação integral do Acordo de Empresa” foi reposta em julho de 2015, levando à integração nos quadros de todos os trabalhadores precários, ao fim dos cortes salariais e à restituição das progressões na carreira.