“Ele [Erdogan] não para de agravar a situação”, disse Rutte à agência ANP, acrescentando que a acusação é “uma falsidade histórica repugnante”.

“Não vamos descer a esse nível, é completamente inaceitável”, disse.

Rutte reagia a afirmações feitas hoje pelo Presidente turco, que disse que “a personalidade perversa” dos holandeses é conhecida “desde o massacre de 8.000 bósnios em Srebrenica”.

As vítimas foram executadas pelas forças sérvias, em 1995 na Bósnia, numa zona declarada segura pelos capacetes azuis holandeses.

A tensão avivou-se nos últimos dias entre Turquia e vários países europeus, entre os quais a Alemanha e a Holanda, pela oposição dos respetivos governos à presença de ministros turcos em comícios com a comunidade para defender o “sim” ao reforço dos poderes presidenciais no referendo turco de 16 de abril.

No discurso de hoje em Ancara, Erdogan acusou os dois países de serem Estados que protegem terroristas.

Berlim reagiu pouco depois qualificando de “absurda” a acusação de que a Alemanha esconde terroristas curdos e afirmando que Erdogan visa apenas aumentar o apoio ao “sim” no referendo.

“Essa afirmação junta-se a uma série de afirmações igualmente absurdas e sem qualquer base real que têm como único objetivo pôr a Turquia no lugar de vítima para gerar solidariedade e evitar uma atitude crítica no referendo”, disse o ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziere.

Sobre a lista de 4.000 terroristas curdos alegadamente escondidos na Alemanha, que Ancara afirmou ter entregado à chanceler alemã, Angela Merkel, o ministro assegurou que “essa lista não existe”.

“A verdade – prosseguiu – é que nos últimos anos foram abertos na Alemanha 4.000 processos relacionados com o terrorismo na Turquia”.