As diretrizes parecem dirigidas em particular à polícia regional catalã (Mossos d’Esquadra), que depende diretamente do Governo regional, que insiste na realização do referendo separatista que a justiça espanhola suspendeu.

Segundo uma nota enviada à imprensa, o Ministério Público dirigiu-se a “todas as forças da polícia” - Guardía Civil, Polícia Nacional e Mossos d’Esquadra - para lhes dar instruções no sentido da necessidade de atuarem contra as autoridades, funcionários ou particulares, “com o fim de evitar que se cometam delitos”.

“Os agentes de polícia […] irão adotar diretamente as medidas necessárias para apreender os meios ou instrumentos destinados a preparar ou organizar o referendo ilegal”, segundo o documento.

Entre essas medidas, a magistratura refere a apreensão de “urnas, boletins de voto, manuais para os membros das mesas, impressos eleitorais, propaganda eleitoral, elementos informáticos, assim como todo o material de difusão, promoção ou execução do referendo ilegal”.

O presidente do Governo da Catalunha, Carles Puigdemont, pediu esta manhã às autoridades de Madrid para “deixarem em paz” os Mossos d’Esquadra, sublinhando que a sua prioridade é “velar pela segurança das pessoas” e não “retirar urnas”.

Em declarações a uma estação de rádio regional (RAC 1), Carles Puigdemont advertiu o Ministério Público que os Mossos d’Esquadra “têm como função principal garantir a segurança das pessoas”, não ir à procura das “mais de 6.000 urnas distribuídas pelo território”.

Se os Mossos receberem uma ordem judicial para retirar urnas, “farão o que devem fazer", que é “defender os direitos do povo e velar pela segurança das pessoas”, garantiu Puigdemont.

Puigdemont voltou a assegurar que em 01 de outubro próximo haverá um referendo sobre a independência da Catalunha.

O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu na semana passada, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo Governo da Catalunha que dão cobertura legal ao referendo de 01 de outubro.

Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.

O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal, cerca de 7,5 milhões de habitantes, um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.