Foram seis horas de protesto que juntaram enfermeiros de todos os pontos do país, que lutam pela revisão da carreira e pela reposição das 35 horas de trabalho semanais para todos os profissionais.

Depois de uma concentração junto ao Palácio de Belém, os enfermeiros em protesto fecharam a avenida da Índia nos dois sentidos, e desfilaram até ao parlamento, concluindo depois a manifestação junto da residência oficial do primeiro-ministro.

“Nós só queremos carreira de enfermagem”, foi a frase mais gritada durante o percurso da manifestação.

Vestidos maioritariamente de negro e com cravos brancos nas mãos, os enfermeiros não se cansaram de gritar, de buzinar e de fazer soar apitos nos vários pontos do protesto.

Paula Mesquita é enfermeira nos Açores há 26 anos e diz-se orgulhosa com a união manifestada pelos colegas, apesar da aparente desunião entre alguns sindicatos.

Em declarações a Lusa, contou que estava em Lisboa para resolver um problema de saúde, mas que não hesitou em juntar-se à manifestação.

De Aveiro, Gonçalo Mota, enfermeiro há dez anos, diz que “o positivo destes protestos tem sido sentir a união da classe”.

“Lutamos todos por uma causa comum. Neste momento já não somos nem profissionais de primeira nem de segunda categoria, porque a nossa carreira foi congelada há 13 anos. Somos o parente pobre do SNS [Serviço Nacional de Saúde] e estamos fartos”, desabafou.

Para este enfermeiro do Hospital de Aveiro, a união hoje exibida em Lisboa “transmite a injustiça, que é transversal a todos os enfermeiros”.

Joana Neves, enfermeira em Coimbra há 11 anos, conta que esteve na manifestação da classe em 2009 e acredita que a de hoje superou a de há oito anos: “O ministro da Saúde conseguiu unir toda a gente com os seus insultos aos profissionais”.

Na manifestação de hoje participou, além do presidente do Sindicato dos Enfermeiros, José Azevedo, a bastonária da Ordem, Ana Rita Cavaco. Os organizadores do protesto entregaram cópias do seu caderno reivindicativo a grupos parlamentares, à Presidência da República e ao gabinete do primeiro-ministro.

A manifestação de hoje coincidiu com o último de cinco dias de greve nacional, convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros e pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, ficando de fora o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.

Os profissionais reivindicam nomeadamente a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros.