"O PSD não pede a demissão da ministra da Administração Interna porque o PSD não pede a demissão de nenhum membro do Governo, mas chama a atenção de que, a partir do momento em que temos este relatório nas nossas mãos, é absolutamente impossível que o poder político fique alheado destas conclusões", afirmou o vice-presidente da bancada do PSD Carlos Abreu Amorim, em conferência de imprensa no parlamento.

O social-democrata defendeu ainda que, perante as conclusões do relatório hoje divulgado, "está tecnicamente provado" que "o Estado falhou" e, portanto, deve assumir as suas responsabilidades.

Questionado se o PSD pretende o pagamento imediato de indemnizações às vítimas dos incêndios que deflagraram em Pedrógão Grande, Carlos Abreu Amorim denunciou o que classificou como "boicote parlamentar" do PS.

De acordo com o deputado do PSD, na quarta-feira à noite, na Comissão de Agricultura, o PS apresentou uma série de iniciativas que "esvaziam" um diploma já aprovado na generalidade - com o acordo de PSD, CDS, PCP e BE - e que previa a criação de um mecanismo extrajudicial para um pagamento das indemnizações em cerca de seis meses.

"Aquilo que vai existir com este boicote parlamentar do PS, a que os partidos de extrema-esquerda aderiram, foi que as regras normais da indemnização é que vão passar a ser aplicadas nos casos dos lesados de Pedrógão", acusou, considerando que em vez de seis meses vão ter de esperar "anos e anos" até poderem ser indemnizados.

O vice-presidente da bancada do PSD iniciou a conferência de imprensa salientando que o partido "teve razão" em propor a criação desta Comissão Técnica Independente, que mereceu o acordo de todas as bancadas e do Governo.

"É bom lembrar que, nessa altura, o contexto era de uma balbúrdia completa entre as várias entidades governamentais que se dedicam ao combate de incêndios, o país assistiu a um processo de passa-culpas", apontou.

Para o PSD, a ministra Constança Urbano de Sousa "está completamente desconsiderada": "A senhora ministra da Administração Interna falhou, o sistema de prevenção falhou, o sistema de combate falhou".

"Neste momento é fundamental que o senhor primeiro-ministro tenha a consciência de que não é possível continuar a esconder a verdade", apontou.

Questionado se entende que a ministra tem condições para se manter no cargo, Abreu Amorim voltou a remeter essa questão para o Governo: A aferição dessas condições compete a duas pessoas: em primeiro lugar, à senhora ministra e, em segundo lugar, àquele que é responsável pela sua nomeação e manutenção".

Salientando que fez apenas uma "análise sumária" de um extenso relatório de 296 páginas, o vice-presidente da bancada do PSD destaca que se comprovam "falhas técnicas evidentes no sistema de prevenção e combate aos incêndios".

"Está dito que uma diferente atuação da Proteção Civil poderia ter evitado as mortes que aconteceram", destacou, salientando que o PSD, e outros partidos, criticaram as mudanças na hierarquia desta estrutura muito em cima da época de incêndios.

O deputado salientou que o PSD acolhe todas as recomendações da comissão independente e destacou uma que não recolheu unanimidade entre os membros e por isso não ficou expressa no relatório: a criação em Portugal de uma unidade militar de combate às catástrofes.

[Artigo atualizado às 17:20]