No final de uma reunião com a UGT no âmbito da campanha para as diretas de 13 de janeiro, Santana Lopes reconheceu que o descongelamento de carreiras dos professores implica “um esforço financeiro muito grande” e admitiu que possa haver uma “repartição diluída” negociada entre Governo e sindicatos.

“Há um ponto que me parece inaceitável: encontrar uma solução que fique para ser assumida na próxima legislatura. Se o Governo o aceitasse, seria quase o reconhecimento de que não espera ser governo a partir das próximas legislativas”, sublinhou.

Para o candidato à liderança do PSD, o discurso que tem sido assumido pelo atual Governo nos últimos dois anos do fim da austeridade “suscitou expectativas” em muitos trabalhadores com salários baixos.

“Temos de ser muito prudentes porque o envelope financeiro é muito pesado e pode haver um efeito dominó que tem de ser acautelado: há muitos trabalhadores que não tiveram progressões durante estes nove anos em variadíssimas carreiras”, alertou.

O candidato elogiou “o trabalho notável” feito pelo grupo parlamentar do PSD, dizendo estar certo de que saberá encontrar propostas nesta matéria “à altura da dificuldade da situação”.

“Qualquer que seja a solução que seja admitida deverá começar a vigorar ainda nesta legislatura. O que não estou de acordo é que qualquer solução, mesmo que represente um encargo financeiro muito diluído plurianualmente, seja atirado para depois das eleições legislativas”, frisou.

Dizendo esperar “formar o próximo Governo”, Santana defendeu que o atual executivo não tem legitimidade para “entregar o encargo a quem vier depois”.

Na reunião com a UGT – que se insere numa ronda de audiências que Santana Lopes pediu aos parceiros sociais – foram também abordados temas como a política de coesão territorial e a legislação laboral.

Neste ponto, Santana Lopes reiterou que tem de haver estabilidade em matéria laboral sob pena de afastar o investimento.

“Se se mexe na legislação laboral no sentido que algumas forças de esquerda querem, só tem uma consequência: afugentar o investimento, o que gera menos emprego e menos rendimento para as famílias portuguesas”, alertou.

O PSD escolherá o seu próximo presidente em 13 de janeiro em eleições diretas, com Congresso em Lisboa entre 16 e 18 de fevereiro.

Até agora, anunciaram-se como candidatos à liderança do PSD o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.

O atual presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, já disse que não se recandidata ao cargo que ocupa desde 2010.