Não há “censura nem pressão” em torno do cineasta acusado de desviar 68 milhões de rublos (perto de um milhão de euros) de subsídios públicos entre 2011 e 2014, afirmou Putin numa conferência de imprensa na China, no âmbito da cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Segundo Putin, se as autoridades quisessem censurar Serebrennikov não o teriam subsidiado.

Na segunda-feira, um tribunal de Moscovo decidiu manter Serebrennikov em prisão domiciliária, num caso que já ultrapassou as fronteiras russas e tem captado a atenção da comunidade artística internacional.

O tribunal permitiu, no entanto, que o realizador e encenador possa sair duas horas por dia.

Serebrennikov tem vindo a recusar as acusações de que é alvo, classificando-as de “absurdas e impossíveis”.

Diretor artístico do Centro Gogol, teatro de Moscovo, é suspeito de “fraude em larga escala”, delito passível de uma pena de dez anos de prisão, refere o comité de investigação, serviço que reporta diretamente ao governo russo.

Kirill Serebrennikov, de 47 anos, é diretor artístico do Centro Gogol desde 2012.

Os trabalhos do encenador, que vão do cinema à ópera, abordam assuntos pouco discutidos como a corrupção e o sexo, o que já gerou críticas de setores mais conservadores da sociedade russa, que pedem que o Estado deixe de financiar as suas produções.

Em julho, o Teatro Bolshoi cancelou uma sua produção sobre o bailarino Rudolf Nureyev, três dias antes da estreia, tendo, porém, negado que o cancelamento se tenha ficado a dever às descrições gráficas das relações homossexuais do artista retratado.

Numa carta publicada na semana passada, o dramaturgo e encenador Ivan Vyrypayev apelou à comunidade artística russa para que abandonasse os fundos públicos e se recusasse a apertar a mão do presidente diante de câmaras.

No final de agosto, uma petição redigida pelo diretor do teatro Schaubühne, em Berlim, Thomas Ostermeier, e pelo dramaturgo Marius von Mayenburg apelava ao Ministério Público russo para que abandonasse as acusações “politicamente motivadas” contra Serebrennikov.

A petição, citada pelo britânico The Guardian, foi assinada por atores como Cate Blanchett e Nina Hoss e pela escritora Elfriede Jelinek, entre muitos outros.

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