Questionado pelos jornalistas, na noite de quinta-feira, na Figueira da Foz, distrito de Coimbra, sobre se fosse líder da oposição pedia a demissão do ministro Vieira da Silva - que desempenhou funções de vice-presidente da assembleia-geral da Raríssimas -, Santana Lopes respondeu que gosta, "antes de pedir demissão seja de quem for, que sejam apuradas responsabilidades".

"Não tenho o gosto de fazer sangue ou de pedir cabeças políticas. Agora, não é isso que está em causa, é responsabilidade. A responsabilidade política, se ela existir, com certeza tem de ser assumida, vamos aguardar mais um pouco", defendeu o antigo autarca de Lisboa, da Figueira da Foz e ex-primeiro-ministro.

"Tem sido tão grande a catadupa de notícias, de factos insólitos, lamentáveis, tristes, a confirmarem-se as notícias todas que ouvimos que julgo que precisamos todos de um pouco de serenidade e de conclusões dos primeiros inquéritos", acrescentou Santana Lopes.

Já numa alusão, sobre o mesmo caso, à demissão do agora ex-secretário de Estado da Saúde Manuel Delgado, Santana Lopes notou a "quantidade" de membros do Governo que se demitiram nos últimos dois anos.

"Mas isso é um privilégio que a esquerda tem em Portugal, de lhe poderem acontecer situações que a outros espaços políticos estão interditos", frisou.

Uma reportagem divulgada no sábado pela TVI deu conta de alegadas irregularidades nas contas da associação Raríssimas, levando à demissão da presidente da associação, Paula Brito e Costa, por suspeita de utilizar fundos da instituição para fins pessoais.

A TVI avançou ainda que o agora ex-secretário de Estado da Saúde Manuel Delgado colaborou com a associação como consultor em 2013 e 2015 e que o atual ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, assinou as contas da associação enquanto membro da assembleia geral.

Na terça-feira tanto Paula Brito e Costa como Manuel Delgado apresentaram a demissão dos cargos.

A denúncia da reportagem da TVI levou ainda a uma fiscalização da Inspeção Geral do Trabalho, que está na Casa dos Marcos, Moita - instituição onde funciona a Raríssimas - desde quarta-feira.