Enquanto primeiro-ministro em exercício, uma vez que António Costa se encontra em Bruxelas, Augusto Santos Silva explicou que estão já no terreno equipas do ministério do Trabalho e Segurança Social quer para apoiar a instituição, “para que o funcionamento não seja interrompido nem degradado”, quer para “tentar perceber o que se passou, quais os erros de gestão e responsabilidades que é preciso apurar”.

“O serviço prestado pela Raríssimas é um serviço de extrema utilidade de que beneficiam dezenas de crianças e jovens que têm direito a essa assistência e que estão em condições que todos conhecemos”, afirmou à margem da cerimónia de assinatura de um contrato de investimento entre a Bosch e a AICEP, em Braga.

Lembrando que “a economia social é absolutamente essencial ao país”, o governante defendeu que “não se deve “confundir a árvore com a floresta” e que “as instituições de solidariedade social são uma das forças mais vivas da sociedade portuguesa”.

“O apoio que recebem do Estado é inteiramente merecido, porque cumprem funções de utilidade pública evidente”, frisou.

Sobre a Raríssimas, referiu que esta “é uma instituição de trabalho reconhecido, aqui e lá fora” e que “apoia jovens e crianças com doenças raras que precisam de um apoio muito próximo e qualificado” que “não pode estar em causa”.

“Outra coisa são eventuais erros cometidos por dirigentes. Esses erros têm de ser apurados através dos mecanismos de inspeção necessários e através dos mecanismos de responsabilização que sejam pertinentes”, disse.

Questionado sobre o ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Vieira da Silva, o chefe do governo em exercício assegurou que “nada do que foi tornado publico fragiliza minimamente a posição do ministro da Segurança Social que é, aliás, uma das pessoas mais qualificadas que o país tem para o exercício de atividades governativas neste setor”.

Sobre a demissão do secretário de Estado da Saúde Manuel Delgado, o ministro disse que esta “foi uma questão pessoal associada a este caso e à forma como o seu direito à privacidade foi atingido”.

“O antigo secretário de Estado da Saúde entendeu que não dispunha de condições pessoais para prosseguir no cargo, nós respeitamos essa decisão e procedemos à substituição. Esse caso está encerrado”, indicou.

Os trabalhadores da “Raríssimas” avisaram hoje que a associação está em risco de fechar por falta de acesso às contas bancárias e apelaram ao primeiro-ministro para que envie uma direção idónea para permitir o funcionamento.

Uma reportagem emitida pela TVI no sábado denunciou o alegado uso, pela presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa, de dinheiro da associação para fins pessoais.

Na reportagem era também adiantado que o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, foi contratado entre 2013 e 2014 pela associação "Raríssimas", com um vencimento de três mil euros por mês, tendo recebido um total de 63 mil euros.

Paula Brito e Costa e Manuel Delgado anunciaram na terça-feira que se demitiam dos respetivos cargos.