“Estivemos os dois a tratar mais do que possa consubstanciar políticas positivas e não estivemos a carregar naquilo que nos divide”, afirmou Rui Rio no final de uma audiência com o primeiro-ministro, António Costa, que durou quase duas horas e meia.

Rui Rio anunciou que, já hoje, na primeira reunião da Comissão Política Nacional irá indicar os interlocutores do PSD para avançar no diálogo com o Governo em dois dossiês: a descentralização e o futuro quadro comunitário, o chamado 2030.

O presidente do PSD apontou ainda outros dois temas abordados na reunião que são “relevantes, mas não com tanta urgência”: a justiça e a segurança social, campo no qual deixou uma ressalva.

“Nunca estará em causa, no caso da segurança social, qualquer alteração à situação presente: é tomarmos as medidas, fazermos a reforma relativamente àquilo que vai ser a segurança social daqui a 10, 20, ou 30 anos”, afirmou.

Rio acrescentou ainda que apesar de a reunião ter sido com os líderes dos dois maiores partidos “não quer dizer” que não sejam envolvidas as restantes forças partidárias.

O presidente do PSD chegou à residência oficial do primeiro-ministro sozinho, dez minutos antes da hora marcada para a reunião, às 12:00, tendo sido recebido por António Costa à entrada do palacete e cumprimentando-se ambos no cimo das escadas.

Questionado se, com a sua eleição se abriu uma nova fase nas relações com o PS e com o Governo, Rio respondeu afirmativamente.

“Sim, pode ser uma nova fase, na exata medida em que há da minha parte, como disse ao longo da campanha, no congresso e até antes, como português, sempre achei que os partidos devem fazer um esforço por procurar aquilo que os possa unir em torno do interesse nacional”, defendeu, lamentando que muitas vezes se “carregue nas tintas” das divergências, apontando o que se passa habitualmente no parlamento como exemplo.

Admitindo que “será mais fácil dialogar com o CDS do que o BE”, Rio diz que o objetivo é não excluir qualquer partido das conversações.

Sobre as matérias em concreto, o novo presidente do PSD salientou que na descentralização o partido não irá necessariamente “concordar” com o pacote do Governo no parlamento.

“Vamos olhar para os projetos ou anteprojetos que estão em cima da mesa, e em conversações com a Associação Nacional de Municípios já muito avançadas, para o PSD poder entrar nessa matéria o mais depressa possível”, disse.

Rui Rio considerou que será possível até ao final da legislatura “seguramente a apreciação e votação” dos diplomas em cima da mesa e até talvez ir mais longe.

“A minha ideia é que se possa ir para lá disso, a forma como se vai para lá foi debatida entre nós, mas o PSD não sou eu, eu sou o presidente, vou transmitir as minhas ideias e o que ouvi”, disse.

Por outro lado, sobre o próximo quadro comunitário, Rio avisou que é preciso “andar rápido” e por isso será também nomeado já hoje um coordenador do PSD para essa matéria.

O novo presidente do PSD frisou que a questão da justiça “ocupou muito tempo da conversa” com António Costa, embora admitindo que se trata de uma reforma de médio prazo: “Não vai acontecer nada amanhã, mas podemos começar a dar os primeiros passos”, afirmou, dizendo que os portugueses podem esperar “abertura” para uma reforma a sério e não para “duas ou três notícias de jornais”.

Na área da segurança social, Rio apontou que possam existir “ajustamentos”, mas fez questão de frisar que a discussão não é sobre “nada para o presente”.

“Não vai acontecer nada às pessoas, temos de garantir é que daqui a 20 ou 30 anos também não aconteça nada às pessoas, isso é que ainda não está garantido”, considerou.

Questionado se notou diferenças na negociação com António Costa em relação ao tempo em que eram ambos presidentes de Câmara, Rio respondeu que “do ponto de vista pessoal não há diferença nenhuma” e diz que tiveram no passado “reuniões iguaizinhas” à de hoje.

“Mas os entendimentos entre as câmaras de Lisboa e do Porto eram muito mais fáceis do que entre um partido da oposição e um Governo que segue uma política encostada a uma esquerda mais radical que nada tem a ver com o PSD. Aí, nessa matéria, os entendimentos são mais difíceis, quiçá impossíveis”, alertou.

[Notícia atualizada às 15h56]

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