"O ministério dos Negócios Estrangeiros (...) propôs ao presidente russo declarar 'persona non grata' 31 diplomatas da embaixada dos Estados Unidos em Moscovo e quatro diplomatas do consulado geral americano em São Petersburgo", indicou Lavrov num discurso transmitido na televisão e citado pela AFP.

O ministério das Negócios Estrangeiros russo também propôs proibir que os diplomatas americanos utilizem uma casa de campo perto de Moscovo e um edifício usado como depósito na capital. "A reciprocidade é a regra da diplomacia nas relações internacionais", acrescentou Lavrov, dizendo que não era possível deixar este "ataque" norte-americano sem resposta.

Estas informações vão ao encontro no noticias pela CNN que dava conta do encerramento do acesso que conduz à casa de férias da embaixada dos Estados Unidos na Rússia, no parque de Serebryanyy Bor, perto da capital. Adianta ainda a CNN, citando um alto responsável norte-americano, que o Governo russo ordenou o encerramento de uma escola anglo-americana em Moscovo.

Entre as sanções anunciadas na quinta-feira pelo Presidente dos Estados Unidos - por alegada ingerência russa nas eleições norte-americanas - existem medidas contra as agências de serviços de informações russas FSB e GRU; a classificação de 35 agentes russos como ‘persona non grata’, aos quais foram dadas 72 horas para abandonarem o país; e o encerramento de dois edifícios em Nova Iorque e Maryland que os Estados Unidos dizem serem utilizadas para “objetivos relacionados com os serviços secretos”.

Os serviços secretos norte-americanos concluíram que o acesso a e-mails do Partido Democrata e da campanha de Hillary e a respetiva divulgação foram levados a cabo para pôr Trump – um ‘outsider’ da política que elogiou Putin – na Sala Oval. Estas sanções são as mais duras adotadas por Obama durante os seus oito anos de Governo.

O Presidente da Rússia negou, por inúmeras vezes, que o Kremlin esteja por detrás de uma suposta ingerência no processo eleitoral norte-americano. “Por acaso, os Estados Unidos são uma república das bananas?”, disse, numa ocasião.

Putin acusou ainda os autores dessas denúncias, em particular a candidata derrotada nas presidenciais de novembro, a democrata Hillary Clinton, de tentarem ocultar os problemas reais que afetam a sociedade norte-americana.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zajarova, já tinha anunciado que a resposta da Rússia às sanções seria conhecida hoje. “A América e o povo norte-americano têm sido humilhados pelo seu próprio Presidente. Não por terroristas internacionais nem por tropas inimigas. Desta vez, a bofetada a Washington foi dada pelo seu próprio senhor”, afirmou a diplomacia russa.

Zajarova classificou a administração de Obama de “grupo de fracassados na política externa, enojados e pouco inteligentes”, que propiciaram “um golpe destruidor do prestígio e da liderança dos Estados Unidos”.

“O espetáculo acabou. Barack Obama e a sua iletrada equipa revelaram ao mundo o seu principal segredo: a exclusividade mascara a debilidade”, disse, em alusão ao discurso proferido por Obama na Academia Militar de West Point em 2014, em que o Presidente norte-americano se referiu à “exclusividade” do seu país para defender a democracia em todo o mundo.

(Notícia corrigida às 12h55: Era dada como certa a expulsão comunicada por Lavrov, mas Putin acabou por não aceitar a proposta no ministro dos Negócios Estrangeiros russo).