Em declarações à Lusa, o ministro disse que a decisão hoje anunciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, é negativa para os próprios Estados Unidos, porque "não existe espaço no mundo, mesmo numa economia de grande dimensão como a americana, para imaginar que essa mesma economia pode crescer baseada no carvão".

Sobre o impacto da desvinculação dos Estados Unidos do Acordo de Paris, o titular português da pasta do Ambiente afirmou: "Quero acreditar que, do ponto de vista da reversão efetiva da redução das emissões poluentes, não venha a ser tão negativa quanto isso".

Para o ministro, "um país e uma democracia como os Estados Unidos da América é muito mais do que a sua administração".

João Matos Fernandes criticou "a mensagem política errada que pode ser passada a outros países e aos cidadãos norte-americanos", considerando "sempre muito negativa" a "inexistência do empenho de países como os Estados Unidos" no cumprimento das metas ambientais.

Segundo o ministro, a desvinculação dos Estados Unidos do acordo pode ter consequências na contribuição do país para "apoiar projetos de países em vias de desenvolvimento".

"Está muito nas mãos da administração" de Donald Trump, frisou.

O Presidente norte-americano justificou a decisão anunciada nos jardins da Casa Branca com a desvantagem que o acordo climático representa para os Estados Unidos.

Concluído em 12 de dezembro de 2015 na capital francesa, assinado por 195 países e já ratificado por 147, o acordo entrou formalmente em vigor em 04 de novembro de 2016, e visa limitar a subida da temperatura mundial reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.

Portugal ratificou o acordo de Paris em 30 de setembro de 2016, tornando-se o quinto país da União Europeia a fazê-lo e o 61.º do mundo.

O acordo histórico teve como 'arquitetos' centrais os Estados Unidos, então sob a presidência de Barack Obama, e a China, e a questão dividiu a recente cimeira do G7 na Sicília, com todos os líderes a reafirmarem o seu compromisso em relação ao acordo, com a exceção de Donald Trump.