No segundo debate televisivo entre os dois candidatos à liderança do PSD, na TVI, ambos concordaram com a posição hoje expressa por Marcelo Rebelo de Sousa, que avisou que só se pronuncia sobre a nomeação de titulares de órgãos do Estado sob proposta do Governo, como é o caso da Procuradoria-Geral da República (PGR), no momento da designação.

“Como o Presidente da República disse, este devia ser um não assunto neste momento, é falta de sentido de Estado estar a pôr a questão em cima da mesa quando faltam dez meses para terminar o mandato”, afirmou Santana Lopes.

Questionado se defende ou não a recondução de Joana Marques Vidal, que termina o mandato de seis anos em outubro, Santana Lopes respondeu afirmativamente.

“Politicamente, se hoje tivesse de tomar uma decisão, como líder da oposição, diria que é adequada a renovação do mandato da PGR”, afirmou, acusando ainda o seu adversário de ter colocado este tema na agenda ao fazer, no debate da RTP, um balanço negativo do trabalho do Ministério Público.

Rui Rio disse rever-se a “100%” no que disse o Presidente da República e considerou que seria até de bom tom este ser um “não assunto”.

“O partido há de pensar nisso, eu não devo alimentar isto dizendo que sim ou não, senão estou a colaborar uma coisa que acho que é má para a atual procuradora”, afirmou, escusando-se a responder se defende ou não a recondução de Joana Marques Vidal.

Sobre o balanço negativo que fez da atuação do Ministério Público no anterior debate, Rui Rio disse tratar-se de uma apreciação global sobre o sistema de justiça, admitindo até desconhecer que havia uma questão à volta do fim do mandato de Joana Marques Vidal.

“Tenho andando pelo país e chego a Lisboa e pergunto-me: o que se passou aqui na corte que estão a debater uma coisa que eu desconhecia? Ainda bem que o Presidente da República pôs as coisas no devido lugar”, afirmou.

Esta questão foi colocada na ordem do dia depois de, na terça-feira de manhã, em entrevista à TSF, a ministra Francisca Van Dunem ter dito que, na sua análise jurídica, “há um mandato longo e um mandato único" da PGR, dando a entender que Joana Marques Vidal deixará o cargo em outubro.

À tarde, no debate quinzenal, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o Governo ainda não tomou qualquer decisão sobre o futuro da PGR, mas admitiu concordar com a “interpretação jurídica pessoal” da ministra de que se trata de um mandato único.

Em matérias económicas, ambos os candidatos à liderança do PSD defenderam no debate a prioridade ao crescimento económico, embora Santana Lopes tenha acusado o seu adversário de não o ter incluído nas suas prioridades quando apresentou a candidatura.

“Desde 2014 que falo em crescimento económico”, retorquiu Rui Rio.

Os dois candidatos acusaram o atual executivo do PS apoiado à esquerda de apenas governar para o presente e Santana Lopes lamentou o sinal dado aos investidores quando, “em vez de se baixar o IRC, se aumenta a derrama estadual”.

“Ainda defendes o imposto para amortizar a dívida?”, questionou Santana Lopes ao seu adversário, mas a pergunta acabou por ficar sem resposta, apesar de Rui Rio dizer querer esclarecer esta matéria.

Rui Rio salientou que defende as contas equilibradas, mas apenas como um meio para o desenvolvimento do país: “Não ter défice zero e endividamento baixo não faz ninguém feliz por si só”.

“Contigo passamos a vida a precisar de tradução simultânea”, ironizou Santana Lopes, acusando implicitamente Rui Rio de se contradizer.

Na resposta, o antigo autarca do Porto respondeu que se há matéria que conhece são as finanças públicas portuguesas.

“Vai ver atas da Assembleia da República nos anos 90, até sou maçador”, aconselhou, no segundo e último debate televisivo entre os dois candidatos.

Rui Rio e Pedro Santana Lopes voltam a enfrentar-se em novo debate na rádio já na quinta-feira às 10:00, realizado pela Antena 1 e TSF, a apenas dois dias das diretas do próximo sábado.

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