“Comigo como líder do partido não haverá discordância todos os dias. Haverá concordância no que deve haver e alternativa naquilo em que ela deve ser levada a cabo”, afirmou Pedro Santana Lopes, que falava aos jornalistas, depois de ter feito uma intervenção e participado num debate no Conselho Nacional da Juventude Social Democrata (JSD), que decorreu no sábado em Coimbra.

Além do anterior presidente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, também esteve no encontro o outro candidato à presidência do PSD, Rui Rio, igualmente convidado a participar num debate.

Antes, durante o dia, Pedro Santana Lopes esteve em Pampilhosa da Serra, um dos municípios no interior do distrito de Coimbra particularmente atingido pelos fogos florestais deste ano, e de onde o antigo primeiro-ministro regressou com vontade de “dizer a toda a Lisboa, aos outros portugueses”, que deveriam ir aos concelhos “calcinados, destruídos” pelas chamas e que “exigem, de facto, um grande apoio nacional”.

“Temos de ajudar à reconstrução e eu – perdoem-me puxar pelos galões – acho que tenho vocação, preparação, maneira de ser para realizar obra, para fazer esse trabalho de recuperação, de reabilitação e de reconstrução que o país precisa em muitas zonas”, afirmou aos jornalistas.

“Aquilo [a zona de Pampilhosa da Serra] são montanhas e montanhas calcinadas”, sublinhou.

Portugal tem “perdido valor em empresas que faliram, em grandes empresas envolvidas em escândalos, em instituições financeiras que desapareceram” e, agora, “este ativo” queimado pelos incêndios.

“Toda a minha vida tenho falado de desertificação e tenho lutado contra ela”, assegurou o antigo presidente das câmaras de Lisboa e da Figueira da Foz, rejeitando a ideia de que se deslocou a Pampilhosa da Serra por estar a disputar a liderança do PSD.

Basta falar com os presidentes das câmaras de Pedrógão Grande, de Castanheira de Pera e de Figueiró dos Vinhos, para se conhecer o papel que “tive logo a seguir” aos incêndios e “sem câmaras de televisão” ou outros órgãos de comunicação social, salientou Pedro Santana Lopes, referindo que a Misericórdia de Lisboa apoiou aqueles municípios, designadamente na recuperação de casas.

“Tudo isso foi feito com outras pessoas (ninguém faz nada sozinho), logo a seguir aos incêndios e sem nenhuma notícia pública”, reforçou, adiantando que apenas se referiu a este assunto por ter sido questionado a este propósito.

Santana Lopes apelou, entretanto, no sentido de que a reforma da floresta e programas de apoio sejam feitos “com o envolvimento de todas as câmaras [municipais], independentemente da sua cor política” e tendo em “linha de conta a perspetiva económica”, mas sem que esta seja “o fator principal”, nem “sacrifique o ordenamento e a segurança”.

Sobre os incêndios e a recuperação dos territórios atingidos, “tem de haver consenso entre todas as forças políticas e não combate político”, concluiu o candidato à liderança dos sociais-democratas, referindo que este alerta não deve ser entendido como uma crítica, mas “um contributo para procurar corrigir”.