"É totalmente falso que Portugal se tenha oposto a qualquer dos termos que nós, os Estados-membros da União Europeia, consideramos, como é praxe quando se forma uma decisão de política externa da União Europeia, nos últimos dias relativamente à Venezuela", afirmou o chefe da diplomacia portuguesa, questionado sobre a posição de Lisboa quanto a eventuais sanções europeias a Caracas.

Santos Silva reiterou: "Qualquer notícia ou qualquer informação que circule dando conta de qualquer dificuldade colocada especificamente por Portugal para a formação do consenso da UE nestes termos é redondamente falsa".

O governante acrescentou que nas duas últimas semanas "têm sido ditas várias falsidades repetidamente" e apelou para que termine "tão depressa quanto possível" esse "ciclo, que em nada prestigia quem comete essas falsidades".

No dia 19, o jornal espanhol El País noticiou que Portugal foi o único país da UE que descartou sanções à Venezuela, no Conselho de Negócios Estrangeiros que decorreu dois dias antes, uma informação desmentida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português.

Entretanto, Augusto Santos Silva também desmentiu, por duas vezes, o CDS-PP, que afirmou que o chefe da diplomacia portuguesa apenas participou numa das sete reuniões deste ano de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, primeiro num requerimento entregue no parlamento e, depois, em declarações da presidente do partido, Assunção Cristas.

Santos Silva afirmou que decorreram oito encontros, um deles informal, e disse ter participado em cinco deles.

No último, no dia 17 de julho, participou o representante permanente português junto da UE, embaixador Nuno Brito.

No final desta reunião, a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini, admitiu que "todas as opções", incluindo sanções, estavam em cima da mesa, em relação à Venezuela.

Hoje, Santos Silva sublinhou que Portugal "foi dos primeiros países que deu o acordo ao texto preparado pelo Serviço Europeu de Ação Externa e a declaração da alta representante, Federica Mogherini, anteontem [quarta-feira], exprime a posição de todos" os Estados-membros.

Os países da UE, recordou Santos Silva, apelam a "todas as partes para que renunciem a atos de violência, para que sejam libertados os opositores políticos, mesmo os que estejam em prisão domiciliária [caso de Leopoldo López, dirigente do partido da oposição Vontade Popular], para que a separação de poderes seja respeitada e para que seja retomado o calendário eleitoral normal".

"Pedimos às autoridades venezuelanas a adoção de medidas que criem confiança entre as partes", insistiu o governante português, que lembrou que, "do ponto de vista europeu, só o diálogo político entre as partes é que pode permitir chegar a uma solução de compromisso".

A Europa considera que a convocação, pelo Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de "uma eleição para a chamada Assembleia Nacional Constituinte [prevista para o próximo domingo] faz escalar o risco de confrontação e não é uma medida que possa criar confiança".

[Notícia atualizada às 15h50]